Ministério Público espanhol abre processo contra Rubiales
Entidade dá a possibilidade a Jenni Hermoso de apresentar queixa.
O Ministério Público espanhol decidiu abrir um processo de investigação preliminar relativamente ao beijo que o Presidente da Federação Espanhola de Futebol (entretanto suspenso), Luis Rubiales, deu à jogadora espanhola Jenni Hermoso nos festejos da conquista do Mundial de futebol, por poder constituir um crime de agressão sexual, e vai dar à futebolista a possibilidade de apresentar queixa.
Segundo o La Voz da Galicia, a decisão foi tomada tendo em conta as "declarações públicas" que a jogadora fez, pelas quais é possível deduzir-se que o beijo dado por Rubiales não foi consensual.
"Dado o momento extra-processual em que nos encontramos e o carácter inequívoco das suas declarações, é necessário determinar o significado jurídico das mesmas", esclareceu o Ministério Público espanhol, informando que será aberto o processo.
A jogadora foi "informada dos seus direitos como vítima de um alegado delito" e terá agora 15 dias para contactar o MP, estando já aberto uma diligência "pré-processual", explicaram fontes próximas do processo à agência noticiosa EFE, e ainda não o processo judicial.
"O ato sexual sofrido pela jogadora e levado a cabo por Rubiales não foi consentido", pode ler-se no despacho, assinado por Marta Durántez, que assinala ainda a "importante repercussão pública a nível interno e internacional".
Rubiales foi entretanto suspenso pela FIFA no último 'dominó' de consequências em torno do acontecimento de 20 de agosto, quando, no final do jogo que sagrou a seleção feminina espanhola campeã do mundo de futebol, em Sydney, na altura da entrega dos prémios, Luis Rubiales beijou na boca Jenni Hermoso, enquanto festejavam.
Seguiram-se inúmeras críticas ao sucedido, tendo a jogadora afirmado que não tinha consentido o beijo, depois de numa primeira versão ter dito que tudo tinha acontecido num momento de maior euforia.
Depois de vários dias com muitas críticas por diversos setores da sociedade, a RFEF realizou, na sexta-feira, uma Assembleia Geral Extraordinária, na qual era esperado o pedido de demissão de Rubiales, que não o fez.
Seguiu-se um novo pico de contestação e extremar das posições, com as jogadoras da seleção a anunciarem não estarem disponíveis para voltar a representar Espanha, enquanto os atuais dirigentes da RFEF se mantiverem nos cargos.
No sábado, a FIFA anunciou a suspensão de Rubiales do cargo por 90 dias, 11 membros da equipa técnica do selecionador, Jorge Vila, apresentaram a dmissão, o técnico condenou o "comportamento impróprio" do presidente da RFEF, e o Governo espanhol anunciou uma denúncia ao Tribunal Administrativo do Desporto (TAD).
"Se o TAD iniciar o processo, eu, enquanto presidente do Conselho Superior do Desporto (CSD), tenho o direito de convocar o comité executivo do CSD para pedir a suspensão de Rubiales", explicou o também secretário de Estado para o Desporto, Victor Francos, durante uma conferência de imprensa em Tarragona.
Victor Francos apelou a que o TAD se reúna "de forma extraordinária" já na segunda-feira.
Caso o tribunal considere que as infrações são "muito graves", então o CSD convocará o seu comité executivo para dar início à suspensão de Rubiales.
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