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"Cada vez tenho menos vontade de jogar": Vinícius Júnior chora em conferência de imprensa ao recordar casos de racismo

Internacional brasileiro não foi capaz de controlar a emoção na antevisão ao jogo desta terça-feira, frente à seleção espanhola.

26 de março de 2024 às 13:44
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'Só queria jogar futebol': Vinícius Júnior lavado em lágrimas ao recordar casos de racismo

Vinícius Júnior ficou lavado em lágrimas ao falar sobre racismo. Na antevisão ao duelo entre Brasil e Espanha, o internacional canarinho mostrou-se agastado com os sucessivos episódios que tem testemunhado desde que deixou o Flamengo para rumar ao Real Madrid, em 2018/19, e sublinhou mesmo que tem cada vez "menos vontade de jogar".

"É algo muito triste e que acontece aqui a cada jogo e a cada dia. Cada denúncia que faço deixa-me muito triste, tal como a todos os negros do mundo... É algo muito triste e não é só em Espanha que está a acontecer, é também no mundo. Também acontecia com o meu pai, escolhiam antes um branco do que um negro. É algo que noto e que luto porque me escolheram a mim. Luto para que num futuro próximo isto não volte a acontecer a ninguém. Entendo que se fale do que eu faço em campo. Claro que tenho muito para melhorar, ainda só tenho 23 anos e é um progresso natural. Saí muito jovem do Brasil e ter aprendido tantas coisas... Já vejo isto há muito tempo e cada vez me sinto mais triste, cada vez tenho menos vontade de jogar", afirmou o craque do Real Madrid, acrescentando.

"O que me irrita mais é a falta das punições. Se começarmos a punir todas as pessoas que cometem este crime, vamos começar a evoluir. Faço tantas denúncias, muitas vezes chegam cartas para fazerem mais denúncias, mas no final acontece como aconteceu com meu amigo em Barcelona, eles arquivam o processo e ninguém sabe de nada. Se começarmos a punir essas pessoas... eles não vão mudar o pensamento, mas vão ficar com medo de falar. Há crianças que gozam comigo e eu não as culpo, porque elas não entendem. Eu na idade delas também não entendia o racismo."

Vinícius referiu ainda que nem sempre se consegue concentrar dentro de campo e voltou a falar do assunto de forma emotiva. "No futebol há muitas pessoas, tantos jogadores melhores do que eu que já passaram por aqui. Eu quero fazer com que as pessoas no mundo possam evoluir, melhorar, que possamos ter igualdade, que num futuro próximo haja menos casos de racismo, que as pessoas negras possam ter uma vida normal, como as outras. Eu vou para os jogos com a cabeça centrada no jogo para fazer o melhor, mas nem sempre é possível. Tenho que me concentrar muito todos os dias..."

Apesar do sentimento de injustiça e frustração, o extremo brasileiro de 24 anos afirma que nunca pensou deixar o Real Madrid e sair de Espanha. "Se saio daqui, dou aos racistas o que eles querem. Vou continuar aqui a lutar, a jogar no melhor clube do mundo, a ganhar títulos, marcando golos. As pessoas vão ter cada vez mais o meu rosto. Os racistas são minoria. Como sou um jogador atrevido, que joga no Real Madrid e ganhamos muitos títulos, é muito complicado, mas vou seguir firme e forte porque tenho o apoio do clube e do presidente."

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