Atleta liderou a prova em Tóquio e mostrou-se sereno na altura de celebrar o título mais desejado no triplo salto.
Pedro Pablo Pichardo entrou tranquilo no Estádio Olímpico de Tóquio, não mudou o seu estado de espírito durante a prova, que sempre liderou, e foi com a mesma serenidade que celebrou o título mais desejado no triplo salto.
"Tem a ver com a minha personalidade, não sou muito emotivo. Sou mais reservado, sério. Para me verem emocionado é difícil. Mesmo quando a filha nasceu, a minha mulher perguntou-me o mesmo. Se não estava feliz. Não sou muito emotivo. Sou mais sério. Não sou de emoções", explicou, na conferência de imprensa após a sua coroação na pista.
Pichardo começou o concurso com 17,61 metros, que nenhum outro competidor conseguiu igualar, e parecia ter percebido logo ali que a sua luta seria contra si próprio e o desejo de bater o recorde do Mundo, do britânico Jonathan Edwards, fixado em 18,29 metros.
Na pista, o seu banco de descanso estava separado dos de todos os outros competidores -- havia entre eles uma arca com garrafas de água -, não por castigo, mas para se manter reservado, imune às emoções de quem competia para o acompanhar no pódio.
"O seu temperamento é assim. Inculquei-lhe essa tranquilidade. Por isso é normal que esteja sempre assim, quer ganhe, quer perca", explicou, à Lusa, Jorge Pichardo, o pai e treinador desde os seis anos do atleta, que tem agora 28.
Havia permanentemente um operador de câmara junto a si, mas isso não o incomodava, nem os diferentes estados de humor dos seus rivais, alguns dos quais muito expansivos pelas marcas alcançadas, outros menos contentes pelos falhanços na areia.
Depois do segundo salto, Pedro acercou-se da bancada para falar com o progenitor: "Disse-lhe que coordenasse o trabalho dos braços no primeiro salto e que atacasse a tábua, pois ficou duas vezes a 13 centímetros".
Como bom aluno, e depois de apontar, novamente, os dedos ao céu e 'dirigir-lhe' umas palavras, no terceiro salto voou 17,98 metros e não ficaram dúvidas nas despidas bancadas do estádio olímpico de que o ouro estava entregue.
Nesse momento, faltava apenas saber se a marca dos 18 metros seria ultrapassada, eventualmente com um novo melhor registo para a posterioridade: houve um momento em que Pichardo se aproximou da caixa de areia, dobrou-se com as mãos nos joelhos e fixou o olhar na sua marca e na distância que ainda precisava superar.
Foi só aí que Pichardo pediu palmas às bancadas, onde cerca de 30 elementos da missão portuguesa cumpriram, com precisão olímpica, para ajudar no impulso que poderia fazer história: em vão, não concretizou qualquer dos saltos.
Mal o chinês Yaming Zhu fez nulo na sexta e última tentativa, confirmando o título do português, a comitiva lusa saltou para celebrar, mais eufórica do que o protagonista na pista.
Lançaram-lhe a bandeira de Portugal e foi com orgulho que a colocou às costas, posando para os fotógrafos, mantendo-a enquanto cirandava pela pista, imutavelmente com um ar discreto para quem tinha acabado de cumprir o sonho de todos os desportistas: ser campeão olímpico.
Pichardo venceu o concurso com um salto de 17,98 metros, novo recorde nacional, conquistando a primeira medalha de ouro para Portugal em Tóquio2020, depois da de prata de Patrícia Mamona na prova feminina do triplo salto e das de bronze do judoca Jorge Fonseca (-100 kg) e do canoísta Fernando Pimenta (K1 1.000).
Portugal superou os resultados alcançados em Los Angeles1984 e Atenas2004, edições em que subiu três vezes ao pódio, passando a totalizar 28 medalhas em Jogos Olímpicos (cinco de ouro, nove de prata e 14 de bronze), 12 das quais no atletismo, modalidade que proporcionou também os cinco títulos olímpicos.
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