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Badamecos, bazófias, brigões & bullies

Personagens rematam frases com palavrões, mostrando a frustração na ponta da língua.

26 de abril de 2009 às 00:00

Isto é Inglaterra’ abre com imagens de arquivo para logo mergulhar numa ficção que parece documental. Ou seja, oferece uma viagem no tempo. Retrocede-se um quarto de século, às réplicas femininas do Boy George, aos primeiros videojogos e à (sempre cómica) dança jazz. No Reino Unido, a Guerra das Malvinas terminava, Thatcher ria-se com Reagan, os protestos engordavam e a princesa Diana emagrecia. Porém, este bilhete de cinema é de ida e volta. Questionam-se os anos 80, tanto quanto a actualidade. Na terra da Dama-de-Ferro, lutava-se contra os argentinos nas ilhas atlânticas, enquanto ‘lá dentro’ racistas atacavam imigrantes das ex-colónias. Na Inglaterra (ou na Europa) de Blair lutava-se contra os islâmicos ‘lá fora’ e, ‘em casa’, tinha de se lidar com o terrorismo, o multiculturalismo e o ódio-racial. E agora com a crise que ameaça a coesão, disparando a raiva, nomeadamente a xenofobia.

Tempos assim fragilizam o sentimento de pertença e a viagem de ‘Isto é Inglaterra’ é tão pessoal (até biográfica) quanto política. Os personagens rematam frases com palavrões, mostrando a frustração na ponta da língua. Sobretudo, à flor da pele dos que viviam nos subúrbios e que iam andando, mas não iam a lado nenhum, como o pré-adolescente

‘Shaun’. Para ele, a palavra é 'necessidade'. Precisa de um pai (morto na guerra), de mais músculo e, principalmente, de identidade. Um grupo de skinheads (herdeiros da 'primeira vaga' multiculturalista) dá-lhe tudo isso. Ou quase.

O caldo de ressentimento já estava criado e a história evoluiu previsivelmente, visto que o ódio é um potente agregador para órfãos de pais ou de países. ‘Shaun’ terá que escolher entre ser filho de uma nação 'racialmente pura' ou o mais novo de uma irmandade. Entre a prepotência sobre os outros e a força de carácter. Uma opção que muitas nações fizeram. E erraram.

DAVIS & GOLIAS NAS MALVINAS

Um controverso melodrama é ‘Iluminados por el fuego’ (Tristán Bauer, 2005). Defende que a guerra causou mais suicídios do que baixas.

CAIM & ABEL NOS ANOS 60 

‘Quadrophenia’ (Franc Roddam, 1979) relata as batalhas entre rockers e mods. Estes inspiravam-se no movimento ska, como os skinheads originais.

DALILA & SANSÃO FORMATO FASCISTA 

O líder nazi em ‘American Skin’ (Mike Rohr) diz tudo: 'O ódio motiva as pessoas [...] e nós, meus amigos, odiamos toda a gente'.

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