Discreta podia ser o seu cognome. A mulher que ganhou o presidente do FC Porto pode até gostar de luxos mas apaparica também o seu homem. Obriga-o com falinhas mansas a mudar o estilo de vida. De resto, falar fala pouco, pelo menos em público, ainda que na terra natal descrevam esta brasileira como uma pessoa muito “determinada”, “Brava” e que “sabe o que faz”
Nem num estádio de futebol com tantos jogadores à procura de um golo o seu comportamento se altera: "Impávida e serena" é como um portista com cadeira na tribuna do Dragão a vê. A razão de ir sempre aos jogos e às deslocações resume-se a não querer deixar sozinho o esposo. Nas viagens ao estrangeiro, é levada pelo motorista ao aeroporto e, para evitar jornalistas, é, infalivelmente, a primeira chegar. Jorge Nuno Pinto da Costa chega e vai com a equipa. Fernanda Miranda, afinal, não se dá com os filhos do seu mais que tudo – Pinto da Costa – Alexandre e Joana, embora em público mantenha quase na perfeição as aparências. Não sabemos se é por opção ou se para evitar algum ciúme, não sai sozinha, não vai a festas sozinha, não faz vida social sozinha. Amigos, não se lhe conhecem. Compras, muitas, para a própria, para o filho, João, e para o maridinho, feitas no El Corte inglés, em Gaia, onde as funcionárias a rodeiam com pompa e circunstância. Raríssimos clientes usufruirão de tamanha benesse: Fernanda Miranda, a mulher do líder dos azuis, tem absoluta luz verde para levar artigos para casa, experimentá-los em casa, sem pagar, depois devolver o que não gosta e proceder ao pagamento da roupa com que decidiu ficar. O aspecto exterior abarca uma importância enorme, mas o que está em primeiro lugar não é somente dar coices à celulite como zelar pela saúde do cônjuge, nascido quarenta e nove Outonos antes dela. Todas as manhãs sai para caminhar na marginal, leva o cão e Pinto da Costa, e, ao que tudo indica, o presidente do Futebol Clube do Porto convenceu-se de que é positivo um estilo de vida saudável. Mulher com gostos caros e compradora de arte, convenceu-o também a mudar-se do apartamento junto ao Dragão para a zona do Castelo do Queijo, com vista para o Parque da Cidade e o Mar, junto à marginal.
Possui tiques luxuosos. É inegável. Justiça lhe seja feita; tem bom gosto, no que diz respeito a vestidos, casacos, sapatos, malas e jóias. Discreta, muito reservada e desconfiada, a lembrança que deixou na sua terra, Touros, no Brasil, é de ser mulher de arena firme: determinada. Lutadora. Brava. Concentrada nos objectivos. Quando algo lhe entra na ideia é escusada a tentativa de a contrariar. Pode demorar a atingir o chão que pretende, é capaz de precisar de mais tempo do que uma criatura apressada. "Ela sabe o que faz", assegura quem a conhece.
No Brasil
Fernanda de Sousa Miranda nasceu de um ventre com 12 anos. Raquel Farias França e o marido, Josafá Tarquínio da Silva, adoptaram a bebé. Deram-lhe coração e casa. Fernanda de Sousa Miranda, quase a atingir os trinta anos, aos olhos da mãe adoptiva, nunca precisou de ninguém para sobreviver: "Nós demos tudo para ela". Esta dádiva amorosa, que lê num artigo de 2010, na ‘ Tribuna do Norte’, vem em forma de carro-vassoura devido à mostarda que lhe acercava às narinas: "A imprensa portuguesa queria prejudicar a vida da filha."
Fernanda Miranda conheceu o primeiro marido, o português Luís Miguel Cardoso, na localidade onde morava, em São José, Touros. Ela tinha 18 anos e ele ultrapassava os trinta. Casaram-se, tiveram um filho e abriram um restaurante, Samburá, na praia de Touros. No município, e após tanto tempo, as touradas dos supostos ciúmes que Luís Miguel sentia de Fernanda ainda deixam eco em terras de Vera Cruz: "O marido era violento e levou a Fernanda com ele." Pois. Mas Fernanda, apesar de muito jovem, podia ter optado por não ir. O negócio não deu certo e o casal troca o Brasil pelos arredores do Porto. Bem recebida pela família de Luís Miguel, houve quem não soubesse ou não entendesse as razões que conduziriam Fernanda a abandonar o lar. Hoje em dia, a situação ficou resolvida. O filho, João, vive com a mãe e com Pinto da Costa.
A sua página pessoal do Facebook, que outrora servia para partilhar opiniões, emoções e imagens pessoais foi, em tempos, ao que se sabe, apagada a pedido do marido. "Amo-te mais do que tudo" não conseguiu alterar a vontade de Jorge Nuno Pinto da Costa, que nunca estimou expor a intimidade. Na recorrente rede social, o estado civil de Fernanda começou por ser "casada", a seguir, passou para uma "relação aberta", e logo substituiu-se por "numa relação". A precipitação daria vez à segurança. Calma. Com calma. Após três anos de namoro, presumivelmente iniciado no lugar onde Fernanda Miranda trabalhava no Porto, no Centro Comercial Dolce Vita, na Sacoor Brothers, o casamento no civil haveria de chegar. Um dia após o jogo, na Madeira, entre o Nacional e o FC Porto, a 31 de Janeiro de 2010, a ligação com Pinto da Costa tornara-se pública e, por conseguinte, o contrato com a Sacoor Brothers alcançaria o fim. Consta que circulou internamente um email a solicitar discrição e silêncio de todos os funcionários sobre o caso. A empresa dos irmãos Sacoor nunca confirmou.
A história de como Fernanda e Jorge Nuno se descobriram é, e desculpem a franqueza, corriqueira e carece de imaginação romântica: Jorge Nuno Pinto da Costa ter-se-á deslocado à loja para comprar uma gravata e morreu de amores pela moça bonita que o atendeu. Fernanda Miranda, que tinha na mira tudo menos aumentar problemas, acabaria por dar o nó, e não era na gravata. Em Julho de 2012, dia 28, um Sábado, tal como manda a tradição, a boda entre Fernanda Miranda e, como diz a imprensa brasileira, "o poderoso presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa", dar-se-ia no país natal da noiva. Uma cirrose hepática não consentiria que o pai adoptivo estivesse vivo. O senhor Josafá Tarquínio Silva, agente de saúde pública, morreria em 3 de Junho desse ano, e terá sido motivo suficiente para aligeirar o festejo. Presentes vinte e cinco convidados (incluídos o filho do noivo, Alexandre, os netos Nuno e Maria, e o irmão José Eduardo), um número de convivas certamente inferior aos seguranças que intentavam imitar Deus, estando em todos os lados e em variadas posições, inclusive em carrinhas e em quadriciclos.
Com sede ninguém ficou. Bebeu-se, e bem, whisky Old Parr, vinho branco Pera Manca, tinto Duas Quintas, champanhe Moët & Chandon Brut Imperial e caipifrutas. De Natal, vieram doces e chocolates através da irresistível e desgraça dos diabéticos, a loja Kyara; o uruguaio Francisco Gasteasoro foi o chef de serviço, e o bolo de casamento construído pela mestre Teresa Vale: "Já foi há muito tempo, mas tenho quase a certeza de que deve ter sido o bolo tradicional de ameixa, que além de conter outros ingredientes, também leva frutas cristalizadas e um pouco de vinho." A receita da cobertura deste monumento é segredo, apenas sabe-se que beneficiava da mesma cor do vestido da noiva. Branco, e curto, o modelo do estilista Oscar de La Renta, custou 2900 euros e terá sido adquirido numa boutique de luxo, na capital espanhola. Igualmente as flores trazidas por Valéria Calazans seriam de idêntica cor: "Rosas, lisianthus e astromélias, todas brancas!" exclama a própria decoradora. Tirar fotografias a cores ou a preto e branco, nem pensar. Só sortudos – família directa e jornalistas escolhidos a dedo – detinham esse aval. Luís Couto, o DJ que antecedeu a actuação da Orquestra Garcia, de Recife, desconhecia as regras apertadas da organização e tentou flashar através do seu telemóvel: "Disseram-me logo que era proibido, e que só quem tivesse permissão. Disto eu nunca esqueci!" Também não esqueceu parte do cardápio musical tocado no festejo: "Música Popular Brasileira, Bossa Nova e Lounge." A memória tem limites. Não se recorda quais foram as composições escolhidas pela Fernanda para serem tocadas durante a cerimónia: "Sei que uma era de Roberto Carlos." Provavelmente ‘O Amor é Mais’, cuja parte da letra já servira para que Fernanda fizesse no Facebook uma declaração de bem-querer ao apaixonado do Dragão.
O Condomínio Tucano, em Perobas, Touros, o cenário do enlace, fora construído pelo português Armando Jorge, ex-sócio de Rui Veloso. A sociedade e a amizade feneceriam por divergências, mas, antes de terminar a jornada comercial no Brasil, o cantor lembra-se: "A Fernandinha, que é simpática, ainda nos ajudou a empurrar um jipe (era de um amigo meu) que estava atolado na areia."
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