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James Joyce: génio revolucionou a literatura

Autor de ‘Ulisses’ também escreveu as escandalosas ‘Cartas a Nora’.

28 de julho de 2019 às 07:00

James Augustine Aloysius Joyce (1882-1941) foi um escritor irlandês pioneiro da literatura experimental, autor daquele que é considerado um dos romances mais importantes da literatura modernista: ‘Ulisses’, publicado em 1922.

Mais do que os neologismos ou do uso das onomatopeias, Joyce criou ali toda uma nova linguagem literária, deu um ritmo onírico à narrativa, dissecou o interior das personagens. E descreveu ambientes inesquecíveis, como a cena do funeral, a do julgamento surrealista de Leopold Bloom, o protagonista, por "obscenidade" ou o monólogo final de Molly, a mulher frustrada.

As mais de mil páginas de ‘Ulisses’ passam-se num único dia (16 de junho de 1904), em ruas e recantos de Dublin e o romance está estruturado de forma a corresponder aos dez anos da viagem do herói grego na ‘Odisseia’ de Homero.

Embora tenha escrito a maior parte da sua obra no estrangeiro – Trieste, Zurique, Paris –, Joyce é venerado como um herói nacional na Irlanda. Apesar dos seus romances, dos contos ‘Gente de Dublin’ ou da peça ‘Exilados’, Joyce nunca ganhou o Prémio Nobel.

O seu contemporâneo George Orwell chamou-lhe um "pedante colossal". Não podia saber que o "pedante" era também o autor das cartas dirigidas à futura mulher, Nora Barnacle, só publicadas em 1975 e em que a linguagem pornográfica pede meças às partes fesceninas e escatológicas. Mais ainda do que é costume nesta secção, a página seguinte leva bolinha vermelha.

Do livro ‘The Selected Letters of James Joyce’, trad. da ed. Viking Compass, 1975

"2 de dezembro de 1909 (...) Agradeces-me o lindo nome que te dei. Sim, querida, ‘minha linda flor silvestre das sebes! Minha flor azulescuro molhada da chuva!’ é um nome bonito.  Como vês, ainda  sou um pouco poeta. Vou oferecer-te também um livro encantador e é um presente do poeta para a mulher amada.

Mas, ao lado e no âmago deste amor espiritual que tenho por ti há também um desejo bestial e bruto por todos os centímetros do teu corpo, todas as suas partes secretas e vergonhosas, por todos os cheiros dele e por tudo o que ele faz. O meu amor por ti leva-me a rezar ao espírito de ternura e de beleza eterna de que os teus olhos são o espelho ou a atirar-te para debaixo de mim (…) e foder-te por trás, como um porco cobrindo a sua porca, excitado com o próprio fedor e suor que saem do teu ânus. (…)

Isso faz-me romper em lágrimas (…), tremer de amor por ti ou ao deitar-me contigo de cabeça para os pés, sentindo os teus dedos a acariciarem e fazerem cócegas nos meus tomates ou enfiados em mim por trás e os teus lábios quentes chupando a minha piça enquanto a minha cabeça está enfiada entre as tuas coxas gordas, com as mãos coladas às almofadas redondas do  teu cu, eu lambo com voracidade a tua cona vibrante e vermelha.

Ensinei-te (…) a excitar-me por meio de toques e ruídos obscenos, e até a fazer na minha presença o ato mais sujo e vergonhoso do corpo. Lembras-te do dia em que levantaste a roupa e me deixaste ficar deitado por baixo de ti a ver-te fazê-lo?

(...) Nora, meu amor leal, minha estudantezinha travessa de olhar lânguido, minha puta, minha amante, tanto quanto queiras (minha     amantezinha     punheteira, minha putinha fodilhona!) serás sempre a minha linda flor silvestre das sebes, a minha flor azul escuro molhada da chuva."

"3 de dezembro de 1909(...) Como sabes, minha querida, eu nunca digo frases obscenas. Nunca me ouviste - pois não? - proferir uma palavra imprópria à frente dos outros. (...) Mas tu parece que me transformas num bruto. Foste tu, sua marota desavergonhada, que começaste. Não fui eu que te apalpei primeiro (…) foste tu que enfiaste a tua mão por dentro das minhas calças

"8 de dezembro de 1909 (...) Fiz o que me pediste, pequena porcalhona, e vim-me duas vezes enquanto lia a tua carta. Estou radiante por ver que gostas de ser fodida no cu. Sim, agora lembro-me daquela noite em que te fodi por trás durante tanto tempo. Foi a foda mais suja que já te dei, querida. (...) Sentia as tuas nádegas gordas e suadas debaixo da minha barriga e via a tua cara toda corada e os teus olhos tresloucados.

A cada foda que eu dava, a tua língua desavergonhada saía para fora dos teus lábios e, se eu te dava uma maior e mais violenta do que as outras, davas peidos gordos e húmidos (…). É maravilhoso foder uma mulher que se peida assim (…). Dizes que quando eu voltar vais fazer-me um broche e queres que eu lamba a tua cona, sua vadiazinha depravada. Espero que alguma vez me surpreendas (…). Boa noite, minha pequena Nora que se peida, minha porca passarinha fodilhona.(…)"

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