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MATADORES EM SÉRIE

Mais de um século depois de Jack, o Estripador, ter lançado o pânico em Whitechapel (Londres), os ‘serial killers’ continuam a horrorizar o Mundo e a dar dores de cabeça à Polícia. O mais recente caso é o do ‘sniper de Washington’, que desde 2 de Outubro já matou pelo menos dez pessoas

25 de outubro de 2002 às 23:18

“A puta estava demasiado desejosa de fazer o seu serviço. Lembro-me de tudo e excita-me. Não houve gritos quando a cortei. Fiquei mais do que irritado quando a cabeça não saiu. Golpeei-a (...) Decidi que da próxima vez vou tirar tudo para fora”. A citação é d’ ‘O Diário de Jack, o Estripador’ (Editorial Notícias), um texto, supostamente, escrito por aquele que foi o primeiro assassino em série da História – e até hoje o mais famoso.

Tudo aconteceu entre Agosto e Novembro de 1888, no bairro Withechapel (Londres) quando Jack, cuja verdadeira identidade continua por desvendar (há, pelo menos, uma dezena de hipóteses, todas por provar) matou sete mulheres de forma macabra. Os crimes poderiam ter sido obra de um qualquer homicida, mas o facto de todas as vítimas serem prostitutas e terem sido mortas ao fim-de-semana e mutiladas faz de Jack, o Estripador, um “serial killer” – um assassino em série que mata três ou mais vítimas com algo em comum e intervalos de dias, meses e até anos, todas de maneira semelhante, exibindo um método rigoroso e pré-definido e quase sempre mantendo com elas um íntimo contacto físico.

Assim, percebe-se que o mais recente caso de mortes sucessivas, protagonizadas pelo ‘sniper de Washington’ – que desde 2 de Outubro já alvejou treze pessoas e matou pelo menos dez – não encaixe, por isso, a 100 por cento na definição de “serial killer”. O facto de ter alvejado todas as vítimas com uma só bala, saída de uma espingarda de grande potência e precisão aproxima-o do modelo de assassino em série. A falta de um elemento comum entre as dez vítimas – de sexos, idades e profissões várias –, e a distância dos disparos, afasta-o.

Apesar de, em menos de um mês, ter morto nove pessoas, o ‘sniper de Washington’ está longe dos números e, principalmente, do horror protagonizado por alguns dos mais mediáticos e sangrentos “serial killers” da História, na sua esmagadora maioria (90%) do sexo masculino, que têm as mulheres (65%) como vítimas preferenciais.

Nos Estados Unidos surgiram 76% dos assassinos em série conhecidos até hoje – muitos deles verdadeiras musas inspiradoras de Hollywood -, mas o recorde de vítimas pertence ao colombiano Pedro Alonso Lopez. Aproveitando as limitações das autoridades sul-americanas, o ‘Monstro dos Andes’ levou longe o seu vício de matar e, durante anos, assassinou mais de 300 jovens mulheres. Harold Shipman, um “serial killer” que ficou conhecido por ‘Doutor Morte’, depois de assassinar 215 pessoas, em 23 anos, vem logo a seguir. Actualmente, Shipman está preso no estabelecimento de alta segurança de Frankland numa cela semelhante à de Hannibal Lecter, no famoso filme ‘Silêncio dos Inocentes’.

CRIMES MACABROS

Mas há assassinos em série mais macabros que outros. Henry Lee Lucas e Ottis Toole seleccionavam as suas vítimas entre pessoas que pediam boleia ou paravam o carro avariado na berma da estrada e, depois, matavam-nas à facada ou por estrangulamento, violavam-nas e mutilavam-nas sexualmente. Andrei Chikatilo, por exemplo, cozeu e comeu os órgãos genitais de 53 crianças que matou, na Rússia, ao longo de quase uma década. Fatal para os mais novos foi também Albert Fish, que violou e assassinou centenas de crianças, chegando a escrever uma carta à mãe de uma delas, descrevendo-lhe a malvadez com que lhe tinha morto a filha. Já Ted Bundy abordava as suas vítimas – todas parecidas com uma namorada que o havia deixado – de braço ao peito, para depois as espancar e violar. Entre 1977 e 1978 assassinou brutalmente 58 mulheres, sendo executado em 1989. Richard Chase, baptizado pelos norte-americanos de ‘Vampiro de Sacramento’, precisou apenas de um mês para matar seis pessoas, bebendo-lhes em seguida o sangue e comendo-lhes partes do corpo.

Célebres são também os crimes de Charles Manson, líder da Família da Alma Infinita. Entre outras vítimas, Manson planeou a morte da actriz Sharon Tate, então grávida do realizador Roman Polansky, e mais quatro pessoas, quando, na verdade, tentava matar Terry Melcher, um produtor que lhe havia dito que os seus talentos musicais deixavam muito a desejar.

Igualmente mediático foi o rasto sangrento deixado, entre 1966 e 1974, pelo Zodíaco, cuja identidade continua por desvendar. Certo é que 43 pessoas foram assassinadas de acordo com as fases da lua, tendo o criminoso desenhado signos perto dos cadáveres. Anos mais tarde, em 1990, Heriberto Seda, também ele um religioso fanático, cometeu vários homicídios, escrevendo à Polícia e aos jornais, anunciando que queria matar uma pessoa por cada signo do Zodíaco.

É precisamente o método, a organização do crime e algo em comum entre as vítimas que distingue os “serial killers” de outros assassinos, entre eles os “mass murders”, indivíduos que matam um grande número de pessoas de uma vez ou quase sem intervalo, normalmente em espaços públicos. Foi o caso de Timothy McVeigh – entretanto condenado à morte e executado –, autor do atentado de Oklahoma, que vitimou 168 pessoas, o mais grave ocorrido na América até ao 11 de Setembro de 2001.

Estripador de Lisboa por encontrar

Mais de 10 anos depois da primeira vítima ter sido morta, as autoridades portuguesas continuam sem pista daquele que ficou conhecido como o Estripador de Lisboa. A ele foram atribuídos os homicídios de cinco prostitutas, esfaqueadas e sexualmente mutiladas, que tinham em comum a toxicodependência, serem jovens, magras e morenas.

Quando a terceira vítima foi encontrada num barracão desactivado da Direcção-Geral de Transportes, na Av. 5 de Outubro (sob a linha férrea de Entre Campos), a Secção de Homicídios da Polícia Judiciária – então chefiada pelo inspector-coordenador João Sousa – elaborou um retrato do suspeito a partir de uma pegada: indivíduo do sexo masculino, aproximadamente com 1,80 m e 90 quilos de peso. Ao que mais tarde se acrescentou ser branco, entre os 40 e os 45 anos, de aparência normal e solitário. No entanto, até hoje, nada mais se sabe do Estripador de Lisboa, um caso que, na altura, motivou até a deslocação de agentes do FBI a Portugal.

Há três anos, o nosso País voltou a estar na rota de um “serial killer”, quando o francês Sid Ahmed Rezala – o ‘Matador dos comboios’ – foi capturado na Baixa da Banheira, arredores do Barreiro. Acusado de ter morto três mulheres na zona de Marselha, nos dias 13 de Outubro, Novembro e Dezembro de 1999, Rezala frequentou o roteiro ‘gay’ de Lisboa e só foi apanhado porque não resistiu a telefonar para uma amiga, cujo telefone as autoridades francesas tinham sobre escuta.

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