Lemos a versão original da obra que relata os primeiros meses na Casa Branca.
Dias depois da tomada de posse, Donald Trump exigiu para o seu novo quarto dois ecrãs de televisão, além do que já lá estava, e uma tranca na porta – o que não foi bem entendido pelos serviços secretos, que insistiram que deviam ter acesso ao espaço. Também repreendeu a equipa de limpeza por terem apanhado a sua roupa do chão depois da primeira faxina: "Se a minha camisa está no chão é porque eu quero que ela esteja no chão", terá dito. E impôs logo um conjunto de novas regras: ninguém toca em nada, especialmente na sua escova de dentes (tem muito medo de ser envenenado, temor anterior ao cargo de presidente), razão pela qual também prefere comer na cadeia de fast-food mais famosa do Mundo – acredita que como ninguém sabe para quem são os hambúrgueres, nada de mal lhe acontecerá. Trump é apresentado em‘Fire and Fury’ (O Fogo e a Fúria), da autoria do jornalista Michael Wolff como um homem amedrontado pela Casa Branca: na primeira noite ali sozinho, Melania estava em Nova Iorque, Trump sentiu-se "incomodado" e "até assustado". O espaço, já antigo e raramente renovado, fazia o milionário sentir-se fora do seu ambiente, terá confessado.
O livro ainda não chegou a Portugal (será publicado em fevereiro), mas chegou ao topo de vendas nos Estados Unidos, onde foi lançado no início de janeiro. As livrarias têm lutado para responder à procura, com o site da Amazon a advertir para atrasos de duas a quatro semanas nas entregas, e a editora Henry Holt & Co a elevar a impressão dos iniciais 150 mil exemplares para mais de um milhão. O lançamento foi antecipado para responder às ameaças de ações judiciais por parte de Trump, que considerou o livro difamatório e tentou, sem sucesso, impedir a sua publicação.
O semiletrado Trump
Ponto 2: além de inseguro, o livro – que tem como base mais de 200 entrevistas com pessoas do círculo próximo do presidente norte-americano – também apresenta Trump como desinteressante e inculto.
O assessor Sam Nunberg lembrou como tentou entabular uma conversa com o agora presidente sobre a Constituição norte-americana. "O mais longe que cheguei foi à quarta emenda", terá dito Nunberg, descrevendo o ar de enfado de Trump durante a conversa. "Quase todos os profissionais que se juntaram a ele, estavam a perceber que aparentava afinal saber nada, zero. Não havia assunto simples, nenhum, que parecesse dominar. Tudo o que ele sabia parecia ter aprendido uma hora antes", diz o autor, que descreve uma Casa Branca caótica e um rol de pessoas desesperadas para conseguir que a presidência resulte.
Fazer sugestões ao presidente era muito complicado, era a maior dificuldade: ele não processava informações; além disso, Trump não lê. E nem sequer escondia isso. Alguns acreditavam que, para fins práticos, ele não era mais do que semiletrado, embora conseguisse ler manchetes e artigos sobre si próprio e as fofocas da página seis do jornal ‘New York Post’. "Este homem nunca faz um intervalo de ser Trump. É um
homem que sempre odiou a escola e não vai começar a gostar dela agora", disse o ex-conselheiro da Casa Branca Steve Bannon a Wolff, que agora arrisca ser processado por Trump, depois de "divulgar informações confidenciais, fazendo declarações depreciativas, nalguns casos totalmente difamatórias".
Logo nas primeiras semanas de presidência, a equipa que o rodeava estava preocupada: Trump estava a tentar diminuir a sua agenda de reuniões, a limitar as horas que passava no escritório e a manter as partidas de golfe habituais – jogou 75 vezes em 2017, o que significa que o fez mais de seis vezes por mês. Por isso, todos concordavam que não agia tendo em conta o seu novo status – também continuava a enviar tweets de madrugada e a telefonar para os amigos com detalhes daquilo que ainda nem à imprensa tinha chegado. Esta foi, segundo ‘Fire and Fury’, a principal luta dos seus conselheiros: tentar que não fizesse confidências presidenciais ao telefone. "Quando o presidente falava ao telefone depois do jantar, tinha habitualmente um discurso incoerente. De uma forma sádica e paranoica, especulava sobre as falhas e fragilidades da sua equipa. Bannon era desleal. Priebus (ex-chefe de gabinete da Casa Branca) era fraco. Kushner era um lambe-botas. Spicer (ex-porta-voz) era estúpido. Conway (diretor da campanha) era uma choramingas. Jared e Ivanka (genro e filha) nunca deviam ter vindo para Washington", lê-se no livro de Wolff. Deitado na cama enquanto devorava hambúrgueres falava com pessoas "que não tinham motivos para guardar as suas confidências". Ao telefone de Washington também foi apanhado a dizer que uma das coisas que fazia com que a vida valesse a pena era levar as mulheres dos amigos para a cama. E explicava em detalhe como o fazia: "Quando perseguia a mulher de um amigo tentava convencê-la de que o seu marido não era bem o que ela pensava. Levava o amigo ao escritório dele e começava com brincadeiras sexuais: ainda gostas de ter relações com a tua mulher? Com que frequência? Deves ter arranjado melhor... fala-me disso. Sabes que eu tenho raparigas a vir de Los Angeles e nós podemos subir e ter um bom momento com elas. E durante toda a conversa com o amigo, Trump teria a mulher deste a ouvir tudo do outro lado da linha".
Com Melania, as coisas também não são famosas. É a primeira vez desde os Kennedy que o casal presidencial dorme em quartos separados. Don Jr., um dos filhos de Donald Trump, contou a um amigo que quando foi conhecida a vitória, o pai parecia ter visto um fantasma e Melania estava em lágrimas... e não eram de alegria. Ainda assim a filha Ivanka – que gozava com o penteado do pai em conversa com amigos e acordou com o marido Jared Kushner que se em algum momento no futuro a oportunidade surgisse, ela iria concorrer para presidente dos Estados Unidos – tinha confessado, durante a campanha, que se alguém acreditava que o pai pudesse ganhar a eleição, esse alguém era a madrasta, Melania, "porque mais ninguém acredita". Ao que parece nem o próprio acreditava.
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