Empresas não prevêm reduzir os preços de venda ao público.
As empresas de chocolate nacionais encaram com otimismo o período natalício, "um dos mais relevantes" para as vendas, não prevendo baixar preços porque o valor do cacau continua no dobro da média de 2023.
"As perspetivas para este ano são positivas e prevemos crescer face ao ano anterior. A época de Natal continua a ser um dos momentos mais relevantes do ano para a Arcádia, não só em volume de vendas, mas também pela ligação emocional que os nossos produtos têm com esta quadra", disse à agência Lusa o administrador do grupo Arcádia, Francisco Bastos.
Também otimista, o presidente executivo (CEO) da Fábrica de Chocolates Casa Grande, de Vila Nova de Famalicão, tem "excelentes" perspetivas para o Natal, assentes em "fatores positivos" que "induzem bastante o comportamento do consumidor" nesta época.
"Apesar de o mundo estar sobressaltado e de internamente estarmos a terminar um período muito politizado, sente-se serenidade. O emprego está em níveis altíssimos e há uma considerável paz social", explica André Vieira de Castro, salientando que o consumidor, "sentindo-se seguro, está com os seus e confraterniza" e, "mesmo sozinho, dá-se ao luxo de uns momentos de indulgência".
E se a Casa Grande espera que estes "momentos de indulgência" sejam pontuados com um dos seus bombons, a Arcádia diz continuar a apostar numa procura "muito centrada nos produtos artesanais, de elevada qualidade e com forte identidade portuguesa" da empresa, características que "são muito valorizadas nesta época".
Apesar de este ano estarem menos pressionadas pelo custo da matéria-prima - o preço do cacau diminuiu 45% desde janeiro, após dois anos marcados por máximos históricos -- nenhuma das duas empresas prevê reduzir os preços de venda ao público.
"Apesar da recente correção, o preço do cacau mantém-se sensivelmente ao dobro da média registada em 2023, continuando a representar um desafio relevante para toda a indústria", destaca Francisco Bastos, cuja família fundou em 1933 a Arcádia, na cidade do Porto.
Ainda assim, o administrador destaca que esta inversão "permitiu uma estabilização dos preços de venda ao público, evitando a necessidade de novos aumentos adicionais no curto prazo".
A este propósito, a Casa Grande recorda que o cacau cotava nos futuros na bolsa de Nova Iorque a 2.400 dólares/tonelada no final de 2023, estando atualmente em torno dos 6.000 dólares por tonelada.
"Neste intervalo de tempo, os produtores foram completamente esmagados nas suas margens, porque os preços de venda não subiram na devida proporção. Por exemplo, nós aumentamos os nossos PVP em 10%", salienta André Castro Vieira, acrescentando que "para quem teve aumentos de 400% no cacau, é fácil de perceber a armadilha de sobrevivência que está montada".
Na mesma linha, a Arcádia refere que desde o início absorveu na sua margem "uma parte significativa" do impacto da subida do cacau, não transferindo para os consumidores a totalidade do aumento dos custos com matérias-primas.
Descrevendo como "positivo" o desempenho da empresa este ano, "apesar do contexto desafiante a nível internacional", Francisco Bastos destaca ter sido possível "manter um crescimento sustentado ao longo do ano, apoiado na fidelização dos clientes, na consistência da oferta e no reforço da presença nacional".
"Com base na performance registada até agora, prevemos encerrar o ano com um crescimento superior a 6% face a 2024", avança, embora ressalvando que a "forte relevância da época de Natal" torna "prematuros" quaisquer prognósticos feitos agora.
Também animada pelos "comportamentos de otimismo" sentidos da parte dos seus clientes, a Casa Grande aponta o "bom estímulo" do 'private label' (a empresa é um dos maiores fabricantes para marcas de terceiros em Portugal) e também das empresas "que apostam em produtos com embalagens personalizadas para oferecer às suas equipas e clientes".
"Mas há um enorme grupo de empresas e particulares que só se organizam dezembro dentro... a julgar pelos sinais que temos, teremos muito que correr até ao Natal", afirma André Castro Vieira.
Após ter optado por descontinuar alguns produtos por concluir que o preço de que os clientes precisam "é impossível de atingir com este custo do cacau", a Casa Grande tem apostado em compensar estes volumes com o crescimento das suas marcas próprias Casa Grande e Not Guilty, prevendo encerrar 2025 "com sensivelmente a mesma faturação" de dois milhões de euros do ano passado.
Já a Arcádia, que recentemente abriu uma nova loja da marca em parceria com a Casa Ermelinda Freitas, em Setúbal, tem duas novas aberturas agendadas para dezembro: um quiosque no espaço Ovar Retail Spot e uma loja no Centro Comercial Vasco da Gama, em parceria com a marca Nescafé.
Para 2026, tem já confirmadas mais duas localizações em parceria com a Nescafé - uma loja de rua na avenida 5 de Outubro, em Lisboa, com abertura prevista para o primeiro trimestre, e uma loja no centro comercial Fórum Montijo, prevista para o segundo trimestre.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.