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Cartel na gasolina

Pela primeira vez desde a liberalização do mercado de combustíveis (que aconteceu a 1 de Janeiro de 2004), as três principais companhias a operar em Portugal têm o mesmo preço, 1,049 euros/litro, para a gasolina sem chumbo 95. A Galp, BP e Repsol têm uma quota de 85 por cento do mercado nacional.

13 de fevereiro de 2005 às 00:00

“Perdeu-se a vergonha”, afirma António Saleiro, presidente da Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC). De acordo com aquele responsável, “se a Autoridade da Concorrência precisa de mais alguma coisa para consubstanciar as nossas denúncias de cartelização no sector dos combustíveis, ela está à vista de todos”.

O presidente da ANAREC diz ainda que, “mesmo que os preços fossem de 1,048 na GALP, 1,047 na BP e 1,046 na Repsol, isso não mudaria nada, uma vez que o terceiro dígito é para arredondar”.

Em declarações ao Correio da Manhã, fonte ligada ao sector petrolífero afirmou que “num mercado com as características do português o facto de existirem preços iguais entre companhias não significa que exista um cartel”.

A primeira companhia a actualizar os preços foi a GALP ( que detém 40 por cento do mercado), na passada quinta-feira. Seguiu-se a BP e, por último, a Repsol.

“É normal que as companhias se encostem ao preço fixado pela empresa que tem a maior quota de mercado”, referiu a mesma fonte, adiantando que “o preço nas refinarias é praticamente igual para todos os operadores”.

Desde 2004 que o mercado petrolífero se encontra sujeito a “pressões” de procura, nomeadamente vindas da Índia e da China, que induzem comportamentos atípicos. Assim, por exemplo, o preço do crude pode baixar, mas o preço da gasolina refinada pode continuar a aumentar. Uma tendência que existe desde o início de 2005.

Quer a Índia, quer a China têm muita procura por gasolina refinada, o que coloca os preços sob “pressão” durante todo o ano, e não apenas nos períodos de Verão e de Inverno, tal como acontecia até agora, em função das variações da reservas dos Estados Unidos.

“A conjugação de preços significa que as companhias estavam no limiar das suas margens”, refere uma fonte do sector petrolífero.

Apesar da concertação de preços, existem postos de gasolina a praticarem preços diferentes. Por exemplo, o posto da GALP no Fogueteiro tem um preço por litro de 1,059 cêntimos (mais 10 cêntimos do que o preço de referência). Esta situação não é única. Com efeito do universo de 800 postos de abastecimento da GALP, cerca de 70 praticam habitualmente preços mais caros. Apenas dois ou três conseguem praticar preços abaixo dos valores de referência. Uma situação que está directamente relacionada com os custos de exploração das várias bombas de gasolina.

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