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Nobel da Economia diz que IA pode ter efeito positivo no emprego

"As empresas que adotam a IA tornam-se mais produtivas, e assim mais competitivas", argumentou.

27 de outubro de 2025 às 13:14

O Prémio Nobel da Economia Philippe Aghion assinalou esta segunda-feira que a utilização de Inteligência Artificial (IA) pelas empresas pode ter um efeito positivo no emprego e que deve ser aliada a um sistema de ensino adequado.

"Com base no inquérito às empresas francesas, até agora comparámos as empresas que adotam a IA com empresas semelhantes que não adotaram, verificamos um efeito positivo no desemprego provocado pela IA", afirmou o economista francês numa participação à distância numa conferência sobre IA e estabilidade financeira organizada pelo Banco de Portugal (BdP) e hoje realizada no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

"As empresas que adotam a IA tornam-se mais produtivas, e assim mais competitivas e, como tal, a procura do produto aumenta, logo, aumentam o emprego. Assim, este efeito de produtividade contraria o efeito de substituição da mão-de-obra pela IA", acrescentou.

Ainda assim, sublinhou que esta leitura não é transversal a todos os setores, indicando que a adoção de modelos de IA para postos de trabalho administrativos ou altamente expostos e substituíveis "têm um efeito negativo" no emprego.

Philippe Aghion insistiu ainda na necessidade de aproveitar este efeito da IA no emprego, mas que deve ser conciliado com um "sistema de ensino adequado", tendo deixado elogios ao antigo ministro da Educação Nuno Crato (2011-2015).

"Sei que em Portugal, com Nuno Crato, houve uma reforma fantástica do sistema educativo que deveríamos imitar em França", apontou.

De igual forma, considerou que deve haver uma política laboral adequada e deu o exemplo da Dinamarca.

"Da mesma forma que é necessária uma política de concorrência adequada para aproveitar o potencial de crescimento da IA, também é necessária uma política de educação adequada e uma política de mercado laboral adequada para aproveitar o crescimento e o potencial de criação de emprego da IA", sublinhou.

Aghion acrescentou que a Europa não quer estar "inteiramente dependente dos EUA em termos de capacidade de computação", pelo que considerou ser "muito importante" o desenvolvimento europeu da sua própria capacidade de computação.

O economista francês, distinguido este mês pela academia sueca, foi o terceiro interveniente na conferência, depois da abertura do governador do Banco de Portugal, Álvaro Santos Pereira, e da responsável pela investigação de IA da JP Morgan Chase, Manuela Veloso.

Na abertura, Álvaro Santos Pereira defendeu que o sistema bancário -- entre instituições financeiras e bancos centrais -- pode aumentar "a sua própria resiliência aproveitando o poder da IA", uma vez que o volume de dados tratados pode melhorar a deteção de ameaças e a resposta a incidentes.

"Precisamos de investir nestas tecnologias para que os bancos centrais e as autoridades de supervisão se mantenham na vanguarda e se certifiquem de que os benefícios da IA para o sistema, para as economias e para os cidadãos superam os riscos colocados pela rápida difusão destas tecnologias inovadoras", defendeu o governador.

No entender do responsável do BdP, a responsabilidade e a experiência humana deverão estar no centro da governação das entidades e "os sistemas de IA devem aumentar, mas não substituir a tomada de decisões".

Na sua exposição, em que focou no funcionamento dos modelos de IA e sobre agentes de IA, Manuela Veloso recuperou esta declaração de Álvaro Santos Pereira e indicou que "no final de contas, a IA também vai tomar as decisões".

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