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80 países opõem-se ao Brasil e criam COP30 paralela em Belém

Ausência da questão da redução dos combustíveis fósseis na declaração final tem criado polémica. Por isso vários países seguiram proposta da Colômbia.

21 de novembro de 2025 às 20:28

Num motim generalizado contra a presidência brasileira da conferência mundial do clima (COP30) que está a decorrer na cidade de Belém do Pará e à proposta de declaração final apresentada pelo Brasil, considerada fraca e omissa, 80 países já aderiram a uma COP30 paralela anunciada esta sexta-feira pela Colômbia.

O anúncio da criação de uma conferência alternativa à realizada oficialmente pelo governo de Lula da Silva levou os ânimos entre as 140 delegações de países ao rubro, depois de vários dias de clima já bastante tenso por o Brasil não ter incluído na declaração propostas para reduzir o uso de combustíveis fósseis.

“Se não enfrentarmos o problema nos olhos, o que significa dizer que os combustíveis fósseis são a parte mais importante das emissões globais causadoras do aquecimento global, não estaremos realmente a lidar com o problema", declarou a ministra do Ambiente da Colômbia, Irene Velez, muito aplaudida pelos negociadores e jornalistas presentes no salão aberto destinado a entrevistas na COP30, ao anunciar que o seu país vai realizar uma conferência alternativa.

Ao seu lado durante o anúncio estavam ministros de outros 25 países, que deram as mãos em sinal de união à proposta colombiana. Ao todo, pelo menos 80 dos 140 países que enviaram delegações de alto nível à COP30 já se declararam contra a proposta brasileira de declaração final, que deixou de fora o ponto mais importante desta reunião mundial sobre mudanças climáticas, o mapa de ações concretas, metas e prazos para os países reduzirem o uso de combustíveis fósseis altamente poluentes, entre eles o petróleo e o carvão.

A situação é tão tensa entre as delegações que se opõem à presidência brasileira da conferência e ao próprio presidente Lula da Silva que negociadores de vários países têm-se reunido em cafés, cervejarias e até numa padaria fora da sede da COP30 e não nas dependências oficiais do evento.

O posicionamento de Lula da Silva na COP30 tem sido muito criticado, pois ao mesmo tempo que exige que os outros países abandonem o uso do petróleo, autorizou em outubro a exploração em larga escala de poços de petróleo na chamada Foz do Amazonas, uma área ainda intacta que pode ser devastada só com o início da prospecção, mesmo que não ocorra acidente algum.

Com início no dia 10, a COP30 deveria encerrar esta sexta-feira, mas ninguém sabe se o será e em que circunstâncias. Até agora não foi feito qualquer avanço, não há acordo sobre os pontos mais importantes, como a transição energética e o financiamento climático, e as negociações entre os países decorrem em clima de hostilidade aberta, enquanto a presidência brasileira continua a adotar uma postura considerada sem objetivos e avanços concretos, tentando agradar a todos sem agradar a ninguém. Lula da Silva, entretanto, deixou a conferência à beira de um fracasso escandaloso e viajou para a África do Sul para mais uma reunião do G20. 

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