Acordo chegou a temer-se não ser possível de alcançar devido às divergências entre os vários blocos de países.
A ausência de avanços no abandono dos combustíveis fósseis, o aumento do financiamento à adaptação e a criação de um mecanismo para a transição justa marcaram a COP30 que terminou sábado em Belém.
Na 30.ª conferência das Nações Unidas para as alterações climáticas, que começou dia 10 e terminou este sábado, um dia após o prazo, quase 200 países chegaram finalmente a um acordo, intitulado Mutirão Global, numa referência a uma palavra indígena que representa uma comunidade que trabalha em conjunto para um objetivo comum.
O acordo, que chegou a temer-se não ser possível de alcançar devido às divergências entre os vários blocos de países, foi aplaudido pelo Presidente brasileiro, Lula da Silva, como uma vitória do multilateralismo, mas o secretário executivo da Convenção da ONU para o Clima, Simon Stiell, disse entender a frustração de alguns países.
Na base da frustração está o facto de a proposta de Lula da Silva de aprovar um roteiro para o abandono dos combustíveis fósseis, que tinha o apoio de mais de 80 países, ter sido apagada no acordo final devido à pressão dos países árabes, Rússia, Índia e China.
"Sei que alguns de vós tinham ambições maiores", disse o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, no plenário final, anunciando de seguida que a presidência brasileira irá manter as discussões sobre o roteiro até à próxima COP, daqui a um ano.
No entanto, esse plano não terá o mesmo peso de uma decisão oficial aprovada numa conferência da ONU. Após a aprovação, a Colômbia, que foi um dos países mais vocais na defesa do roteiro e anunciou a realização de uma conferência em abril sobre combustíveis fósseis, reagiu com irritação à ausência de menções a estes combustíveis no acordo. Aos jornalistas portugueses, a ministrado Ambiente, Maria da Graça Carvalho, criticou a posição da Colômbia, que acusou de estar a "tentar dar nas vistas" depois de ter apoiado o acordo. Para a ministra portuguesa, o acordo aprovado é "o acordo possível", sublinhando que a alternativa, que seria não haver acordo, "seria terrível".
O comissário europeu para o clima, Wopke Hoekstra, admitiu também que os 27 teriam preferido "mais, e mais ambição em tudo", mas tiveram de apoiar o acordo porque, "pelo menos, ele aponta na direção certa". Outros países fizeram também elogios contidos ao acordo, dizendo que representava o melhor possível dadas as circunstâncias difíceis, enquanto outros criticaram o conteúdo e o processo. "Não posso chamar a esta COP um sucesso", lamentou a ministra da Transição Ecológica francesa, Monique Barbut, aos jornalistas. "É um acordo sem ambição, mas não é um mau acordo no sentido de que não contém nada inaceitável". O texto pede também esforços para triplicar até 2035 o financiamento destinado à adaptação de países em desenvolvimento, que estava em 40 mil milhões de dólares e poderá assim chegar a 120 mil milhões, mas os países vulneráveis consideraram insuficiente o objetivo.
Os países desenvolvidos, incluindo a UE, rejeitaram aumentar o total de financiamento climático público, que deverá somar 300 mil milhões por ano até 2035. Uma decisão que foi muito elogiada, nomeadamente pelas associações ambientalistas, foi a criação de um Mecanismo de Ação de Belém (BAM) para uma Transição Justa, para apoiar os países na proteção dos trabalhadores e das comunidades durante a transição para energias limpas.
O Brasil lançou ainda um fundo inovador que investirá recursos no mercado e usará os rendimentos para pagar a contribuintes e países que protegem florestas. O fundo já recebeu cerca de 5,5 bilhões de dólares em compromissos iniciais (Brasil, Noruega, Alemanha, Indonésia, França e Portugal) e a meta final é arrecadar 125 bilhões. As organizações ambientalistas ouvidas pela Lusa mostraram-se desapontadas com o resultado da COP30, que disseram ficar aquém das expectativas, mas reconheceram o avanço na aprovação de um mecanismo para uma transição justa.
A nível internacional a opinião é semelhante, com a WWF a considerar o resultado modesto e os poucos avanços obtidos insuficientes para enfrentar a crise climática, enquanto a Greenpeace disse não ser o avanço "que o mundo desesperadamente necessita".
"A COP30 dá um passo esperançoso rumo à justiça, mas não vai longe o suficiente", comentou a rede Climate Action Network. A COP30 ficou ainda marcada por ter representado um regresso da sociedade civil a estes encontros mundiais sobre o clima, após as últimas edições terem acontecido em países com poucas liberdades cívicas, assim como pela grande participação de povos indígenas. No sábado, a meio da COP30, milhares de ativistas e indígenas marcharam na cidade de Belém contra as alterações climáticas e para exigir respostas dos líderes reunidos na cidade.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.