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"A minha irmã foi martirizada. Quem a trará de volta?": Norte-americanos em Gaza queixam-se da falta de apoio

Cerca de 600 pessoas com dupla nacionalidade aguardam para poder sair de Gaza de forma segura.

21 de outubro de 2023 às 13:03

Yousif Abu Shaaban tem 19 anos, dupla nacionalidade (palestiniana e norte-americana) e mora em Gaza. Tal como cerca 600 pessoas no mesmo contexto, aguardou o momento adequado para fugir à guerra.

O jovem recebeu a informação da Embaixada dos EUA de que podia deixar o enclave através da passagem de Rafah com a família, mas diz já ser tarde. À custa do conflito entre o Hamas e Israel perdeu a irmã, de 14 anos, e o seu pai, de 44, ficou gravemente ferido. Acusa o consulado de negligência pelo atraso na retirada de cidadãos e garante que vai apresentar queixa.

Na quinta-feira, a família do jovem foi a casa buscar alguns pertences e foi vítima de um bombardeamento israelita. O ataque matou a irmã e deixou o pai de Yousif Abu Shaaban sem um braço. 

"A culpa é da negligência da embaixada e de todos os lados que deveriam ser responsáveis por mim. Exijo um inquérito internacional para perceber por que isto sucedeu na minha casa. A minha irmã foi martirizada. Quem a trará de volta? Sou o único que sustenta financeiramente o meu pai. Ele não se mexe sem mim. É cego e agora não tem o braço todo", começou por dizer Yousif Abu Shaaban à Al Jazeera.

Alguns palestinianos, com passaporte norte-americano, acusam os EUA de despenderem mais tempo e recursos na retirada de israelitas que também possuem nacionalidade norte-americana. 

"Os palestinos, com nacionalidade norte-americana, não podem partir. Nem os palestinos de outras nacionalidades, que são muitos aqui. Todos têm mulheres, crianças, idosos. Eles não podem continuar a ir pela zona de perigo para chegar à fronteira", contou à Al Jazeera outro homem na mesma situação que Yousif Abu Shaaban.

Pelo menos 4137 palestinianos, incluindo mais de 1500 crianças e mil mulheres, foram mortos em ataques aéreos israelitas na Faixa de Gaza desde que começou a guerra, a 7 de outubro. Cerca de 13 mil pessoas ficaram feridas.

Este sábado, as autoridades americanas avançaram ter recebido informações de que a passagem de Rafah ia ser aberta para permitir a saída de cidadãos com dupla nacionalidade, quando os primeiros camiões de ajuda do Egito entraram em Gaza. Segundo a imprensa internacional terão entrado 20 camiões com medicamentos e alimentos. 

As organizações internacionais têm felicitado a entrada de ajuda, mas ainda a consideram "insuficiente" perante o cenário crítico em Gaza.

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