Vários países cortaram o financiamento à UNRWA depois de Israel acusar 12 funcionários da agência de cumplicidade com o Hamas.
A Agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) considerou esta quarta-feira "muito importante" um inquérito independente sobre as alegações de Israel, que a acusa de "esconder terroristas" na Faixa de Gaza, indicou em Amã uma porta-voz deste organismo.
Importantes doadores -- incluindo os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão -- anunciaram a suspensão da sua ajuda à UNRWA após Israel ter acusado 12 dos seus empregados de envolvimento no ataque de 7 de outubro efetuado pela ala militar do movimento islamita palestiniano Hamas.
"Temos 33 mil empregados (...) para nós, é extremamente importante a realização de um inquérito independente sobre os casos individuais que Israel apontou", afirmou à agência noticiosa AFP Tamara Alrifai, porta-voz da UNRWA.
"Recebemos as alegações do Governo israelita sobre 12 nomes em Gaza, verificámos esses nomes com base nos nossos registos de 13 mil empregados em Gaza, e conseguimos fazer corresponder oito desses nomes", acrescentou.
A UNRWA anunciou ter despedido a maioria dos funcionários que foram assinalados.
Na terça-feira, o Governo israelita acusou a agência da ONU de estar "fundamentalmente comprometida", e alegou permitir que o Hamas "utilize as suas infraestruturas" para efetuar ações militares e "esconder terroristas".
O porta-voz do Executivo israelita, Eylon Levy, foi mais longe ao assegurar que a agência "recrutou massivamente terroristas" entre os seus 13 mil funcionários em Gaza. ´
No entanto, não apresentou provas sobre estas novas alegações, e que a AFP também não conseguiu verificar.
A porta-voz da UNRWA indicou que "até ao momento 15 países anunciaram congelar as suas contribuições à UNRWA", advertindo que "caso mantenham a sua decisão, o impacto será catastrófico para os habitantes de Gaza".
Neste território palestiniano totalmente cercado por Israel e onde se perspetiva uma crise humanitária de enormes proporções, bairros inteiros foram destruídos pelos bombardeamentos israelitas, forçando cerca de 1,8 milhões dos 2,4 milhões a abandonaram as suas regiões para se concentrarem no sul da Faixa, segundo a ONU.
"Será um desastre (...) porque a situação humanitária já é catastrófica em Gaza onde prossegue a guerra, onde prossegue os deslocamentos [de população], onde as pessoas estão sobretudo nos abrigos da UNRWA, onde recebem a farinha da UNRWA para fazer pão, onde recebem os cuidados médicos da UNRWA", sublinhou Tamara Alrifai.
No enanto, a porta-voz indicou que a UNRWA, responsável por fornecer ajuda a cerca de dois milhões de pessoas em Gaza, recebeu nos últimos dias "garantias de apoio" por parte de doadores que suspenderam o seu financiamento.
O Governo Netanyahu é o mais religioso e ultranacionalista da história do país e elegeu como prioridade a expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada desde a chegada ao poder no final de 2022.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1 140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 26 400 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 64 mil, também maioritariamente civis.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 7 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 5 600 detenções e mais de três mil feridos.
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