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Israel estilhaça cessar-fogo e mata centenas em Gaza

Bombardeamentos israelitas fizeram mais de 400 mortos num dos dias mais sangrentos desde o início do conflito.

19 de março de 2025 às 01:30

Após quase dois meses de relativa calma, Israel rompeu na madrugada desta terça-feira o frágil cessar-fogo em Gaza, atacando dezenas de alvos do Hamas e matando mais de 400 pessoas, na sua maioria civis. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, já avisou que os ataques vão continuar a intensificar-se até todos os reféns serem libertados.

Durante toda a madrugada, aviões e tanques israelitas lançaram dezenas de ataques ao longo de toda a Faixa de Gaza, atingindo alegados centros de comando do Hamas, campos de refugiados, blocos residenciais e escolas usadas para acolher deslocados. Pelo menos 404 pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas, segundo o último balanço das autoridades de saúde de Gaza. Entre as vítimas estão o chefe do governo do Hamas, Essam Addalees, os vice-ministros da Justiça e do Interior, bem como o porta-voz principal da Jihad Islâmica.

Numa declaração publicada minutos após o início dos ataques, o ministro israelita da Defesa, Israel Katz, prometeu “abrir as portas do Inferno” e atingir o Hamas “com força nunca antes vista” se não libertar imediatamente os 59 reféns ainda na sua posse. “Não vamos parar de combater enquanto todos os reféns não regressarem a casa e todos os objetivos da guerra sejam alcançados”, afirmou Katz. Na manhã de terça-feira, as Forças de Defesa de Israel ordenaram a evacuação de grande parte da zona fronteiriça do Norte e Leste de Gaza, indicando que uma renovada ofensiva terrestre poderá estar iminente.

Israel, com o apoio dos EUA, acusa o grupo islamista de violar o cessar-fogo por recusar prolongar a primeira fase da trégua e libertar os restantes reféns, enquanto o Hamas insiste que o acordo inicial previa que os reféns apenas fossem libertados durante a segunda fase do cessar-fogo, em troca da retirada total das forças israelitas de Gaza e do início das conversações com vista a um acordo de paz definitivo. Nas últimas semanas, Israel já tinha aumentado a pressão sobre o grupo palestiniano, primeiro impedindo a entrada da ajuda humanitária em Gaza e, depois, cortando o abastecimento de eletricidade ao território.

Durante a primeira fase da trégua, que começou a 19 de janeiro e tinha a duração prevista de seis semanas, o Hamas libertou 33 reféns israelitas e cinco tailandeses em troca da libertação de mais de dois mil presos palestinianos por Israel.

“ TRAGÉDIA SOBRE TRAGÉDIA”

O comissário dos Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, mostrou-se “horrorizado” com o fim da trégua, que disse constituir “uma tragédia em cima de outra tragédia” para os civis de Gaza. “O regresso ao uso da força só vai adicionar sofrimento a uma população que já enfrenta uma situação catastrófica”, denunciou.

RADICAL REGRESSA

O antigo ministro da Segurança Nacional de Israel, o radical de direita Itamar Ben-Gvir, cujo partido tinha saído do Governo em protesto contra o cessar-fogo em Gaza, anunciou ontem que vai regressar à coligação, reforçando assim a frágil maioria parlamentar do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

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