Papa Francisco diz que se quer encontrar com Putin em Moscovo
"Temo que Putin não possa e não queira ter esta reunião neste momento. Mas como pode ele não parar tamanha brutalidade?", pergunta em entrevista.
O Papa Francisco disse numa entrevista ao jornal italiano Corriere Della Sera, esta terça-feira, que pediu uma reunião em Moscovo com o presidente russo. O objetivo seria discutir o fim da guerra na Ucrânia, mas não recebeu resposta.
Depois do Papa visitar a embaixada russa no início da guerra sem quaisquer precedentes, pediu ao diplomata principal do Vaticano para enviar uma mensagem a Vladimir Putin. O Papa relatou ao jornal italiano o conteúdo da mensagem: "Eu estava disposto a ir a Moscovo. Certamente, era necessário o líder do Kremlin permitir uma abertura. Nós ainda não recebemos a resposta e continuamos a insistir".
"Temo que Putin não possa e não queira ter esta reunião neste momento. Mas como pode ele não parar tamanha brutalidade? Há 25 anos vivemos a mesma coisa em Ruanda", adicionou o Papa, comparando os assassinatos na Ucrânia com o genocídio no país africano em 1994.
Quanto a uma viagem a Kiev, Francisco disse, no mês passado, que poderia ser uma possibilidade, no entanto admite que precisa de ir primeiro a Moscovo. "Primeiro tenho que conhecer Putin… faço o que posso. Se Putin ao menos abrisse a porta", explicou.
As relações entre o Vaticano e a Igreja russa Ortodoxa estão tremidas devido à invasão russa em território ucraniano. De 12 a 13 junho, o Papa vai visitar o Líbano, no entanto recusou encontrar-se com o Patriarca Kirill e estender a viagem por mais um dia. "Nós somos pastores do mesmo povo de Deus. É por isso que temos que procurar os caminhos da paz, para cessar o fogo das armas" disse Francisco sobre Kirill.
Numa videoconferência de 40 minutos em março com Kirill, o Papa relatou que o Patriarca estava apenas a tentar justificar a guerra e a invasão da Ucrânia que lia a partir de uma folha de papel.
Francisco revela ao jornal italiano que quando se encontrou com Viktor Orban, primeiro-ministro húngaro, em abril, este lhe comunicou que "os russos têm um plano, que tudo irá terminar a 9 de maio", dia do aniversário da libertação da Rússia no fim da Segunda Guerra Mundial.
Já Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, disse que o aniversário não vai afetar as "operações militares" russas na Ucrânia.
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