Kiev pede aos Países Baixos componentes para infraestruturas de gás
Ataques russos às infraestruturas de gás intensificaram-se após a suspensão do trânsito de gás russo para a Europa através da Ucrânia.
A Ucrânia pediu aos Países Baixos componentes do desmantelamento dos campos de gás de Groningen para apoiar a reconstrução das suas infraestruturas energéticas, confirmaram esta segunda-feira fontes oficiais neerlandesas.
O pedido foi apresentado pela empresa estatal ucraniana Naftogaz, estando o Ministério dos Negócios Estrangeiros neerlandês em negociações com a operadora local NAM, responsável pelo histórico campo de Groningen, cuja produção foi recentemente interrompida após anos de protestos devido aos sismos associados à extração de gás.
Segundo Serhi Koretsky, diretor da Naftogaz, a intensificação dos ataques russos ao setor energético ucraniano este ano deixou milhões de pessoas sem eletricidade ou aquecimento, tornando urgente a reposição de equipamentos.
"O fabrico de novos componentes é muito demorado, pelo que estamos a recorrer aos aliados", explicou Koretsky à emissora pública NOS, acrescentando que peças antigas poderão ser reutilizadas como substituição ou na construção de novas instalações.
Por razões de segurança, as autoridades não especificaram quais os componentes que poderão ser enviados nem um calendário para uma eventual exportação.
A Agência Empresarial Neerlandesa (RVO) confirmou, contudo, contactos com a Shell e a NAM para avaliar a viabilidade do fornecimento solicitado.
Um porta-voz da NAM disse que o pedido foi recebido "com uma atitude positiva", sublinhando que o desmantelamento de Groningen e de outros campos antigos está a libertar uma grande quantidade de material passível de reutilização.
Os ataques russos às infraestruturas de gás intensificaram-se após a suspensão do trânsito de gás russo para a Europa através da Ucrânia, a 1 de janeiro do corrente ano.
Até então, estas instalações tinham permanecido relativamente intactas, ao contrário das centrais termoelétricas e subestações, frequentemente atingidas desde a invasão russa, que teve início em fevereiro de 2022.
Os Países Baixos têm desempenhado um papel central no apoio energético à Ucrânia, tendo o Governo neerlandês prometido mais 25 milhões de euros em outubro e contribuído, desde 2022, com cerca de 450 milhões de euros para a reparação das redes de gás e eletricidade, além da ajuda militar.
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