Gastos em gás russo superaram em 13 mil milhões de euros a sua ajuda bilateral à Ucrânia entre 2022 e 2025.
Os gastos de França, Bélgica, Espanha e Países Baixos em gás russo entre 2022 e 2025 (34,3 mil milhões de euros), superaram em 13 mil milhões de euros a sua ajuda bilateral à Ucrânia nesse período, segundo a Greenpeace Bélgica.
De acordo com um relatório da organização internacional de defesa do ambiente, o porto belga de Zeebrugge tem sido o maior ponto de entrada de gás natural liquefeito (GNL) russo na União Europeia (UE) desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Em 2024, refere a Greenpeace, as importações de GNL russo através do porto foram mais do dobro do registado em 2021, antes da guerra, e 2025 "configura-se também como mais um ano recorde para o gás russo", apesar das sanções da UE contra Moscovo.
A empresa de gás russa Yamal LNG, que assinou um contrato de longo prazo em Zeebrugge, gerou receitas de cerca de 40 mil milhões de dólares (34 mil milhões de euros) desde o início da guerra, pagando cerca de 9,5 mil milhões de dólares (8 mil milhões de euros) em impostos ao Estado russo, segundo cálculos da organização.
O relatório identifica um problema de rastreio que dificulta a determinação da origem: o gás que chega a França, Espanha e Bélgica é parcialmente redirecionado para outros países, onde passa a ser classificado como francês ou belga, em vez de russo.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
Para contornar o corte dos gasodutos, como o Nordstream, que ligavam diretamente as suas unidades exportadoras de gás aos países europeus, e as sanções internacionais às suas infraestruturas exportadoras de petróleo e gás, o regime russo tem recorrido a uma frota "fantasma" de navios que opera de forma ilegal e muitas vezes sem condições de segurança.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem afirmado que a UE planeia impor uma proibição às importações russas de GNL, como parte de um novo pacote de sanções destinado a limitar as receitas com que Moscovo financia a guerra contra a Ucrânia.
Mas, adianta a Greenpeace, o fluxo de gás russo é assegurado por contratos, assinados depois de 2022, com grandes empresas de energia, como a TotalEnergies, a SEFE, a Engie e a Shell, entre outras.
"Esta transação gerou ainda aproximadamente 25 mil milhões de dólares em dividendos para os proprietários da Yamal LNG e 6,8 mil milhões de dólares para a TotalEnergies", refere a organização.
"Uma quantia semelhante foi paga aos obscuros oligarcas russos Mikhelson e Timchenko, dois aliados próximos de [Vladimir] Putin (Presidente russo) que apoiam a guerra com uma milícia privada, entregas ao exército e bónus financeiros para os soldados", adianta.
Apesar da eclosão da guerra na Ucrânia e da crise energética que se seguiu em 2022 incentivarem a Europa a acelerar o seu afastamento do gás fóssil, a UE "afundou-se ainda mais na sua dependência do gás fóssil", incluindo o GNL russo e o norte-americano.
"Esta dupla dependência mina a nossa soberania, a nossa segurança e os nossos objetivos climáticos. A solução é clara: devemos romper com o gás fóssil e acelerar a transição para as energias locais e renováveis", afirma a Greenpeace.
A organização exige o fim das importações de gás russo até ao final de 2026, o mais tardar (incluindo a rescisão antecipada dos contratos existentes), a suspensão de novos contratos de GNL com os Estados Unidos e a rescisão dos contratos existentes após 2035, além da eliminação gradual e obrigatória do gás fóssil até 2035, com a proibição do investimento público e de novas infraestruturas de combustíveis fósseis.
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