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Trump chama “ditador” a Zelensky e culpa-o pelo início da guerra

Presidente dos EUA explode contra o líder ucraniano e avisa-o que “pode ficar sem país”.

20 de fevereiro de 2025 às 01:30

Donald Trump chamou na quarta-feira “ditador” a Volodymyr Zelensky e advertiu-o de que pode “ficar sem país”, horas depois de o líder ucraniano ter acusado o Presidente dos EUA de viver numa “bolha de desinformação russa” por sugerir que foi a Ucrânia a começar a guerra. A inédita e grave troca de acusações parece indicar uma rutura definitiva nas relações entre Washington e Kiev, além de confirmar o alinhamento de Trump com as posições do Kremlin e levantar sérias dúvidas sobre o processo de paz iniciado esta semana.

Tudo começou na terça-feira à noite, horas depois de delegações dos EUA e da Rússia se terem reunido em Riade para discutir como acabar com a guerra, deixando de fora Zelensky e os aliados europeus. Face ao protestos do Presidente ucraniano, que insistiu que nenhum acordo sobre a Ucrânia pode ser negociado sem a Ucrânia, Trump passou ao ataque: “Queixam-se de que ninguém os convidou. Eles tiveram três anos para acabar com isto... Nem sequer deviam ter começado, podiam ter feito um acordo”, acusou o Presidente dos EUA, defendendo ainda que a Ucrânia “deve realizar eleições” para escolher um novo Presidente, repetindo desta forma um dos principais argumentos da Rússia, que diz que Zelensky ocupa o cargo de forma ilegítima, já que o seu mandato terminou no ano passado.

O Presidente ucraniano não demorou a responder, acusando Trump de viver numa “bolha de desinformação russa” e de repetir os argumentos de Putin. Zelensky insurgiu-se ainda contra a exigência de Trump de ter acesso às riquezas minerais da Ucrânia como contrapartida pelos “500 mil milhões de dólares” de ajuda económica e militar dos EUA. Segundo Zelensky, a Ucrânia recebeu dos EUA, até ao momento, 67 mil milhões em ajuda militar e 31,5 mil milhões em ajuda económica e a exigência de Trump de 500 mil milhões “não é uma conversa séria”. “Não posso vender o meu país”, frisou.

Trump não gostou da réplica e na quarta-feira ‘explodiu’ na rede Truth Social. “Zelensky é um ditador sem eleições e é melhor despachar-se ou vai ficar sem país”, avisou, acusando a Ucrânia de desviar a ajuda americana. “Zelensky admitiu que metade do dinheiro que lhe enviámos ‘desapareceu’. Ele recusa realizar eleições, está muito em baixo nas sondagens e a única coisa que fez bem foi enganar Biden”, acusou Trump. “Estamos a negociar com sucesso a paz na Ucrânia com a Rússia, algo que o Mundo reconhece que só Trump e a Administração Trump podem fazer. Biden nunca tentou, a Europa falhou e Zelensky, provavelmente, só quer continuar a receber dinheiro”, sublinhou Trump, antes de voltar à carga na questão da ajuda. “Zelensky, um comediante modestamente bem-sucedido, convenceu os EUA a gastarem 350 mil milhões numa guerra que não podia ser ganha, que nunca devia ter começado e que, sem os EUA e sem Trump, nunca vai conseguir resolver. Os EUA gastaram mais 200 mil milhões que a Europa e não vão receber nada em troca. Esta guerra é muito mais importante para a Europa do que para nós. Nós temos um grande e belo oceano pelo meio”, escreveu ainda.

“Ninguém excluiu a Ucrânia”

O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu na quarta-feira que a Ucrânia não foi excluída do processo de paz e criticou o que disse ser o “histerismo” das autoridades ucranianas. “Ninguém excluiu a Ucrânia. Não estamos a impor nada a ninguém. Estamos prontos para negociar, já o disse centenas de vezes”, afirmou o Presidente russo, garantindo não haver necessidade para a “reação histérica” dos dirigentes ucranianos, que se queixam de que a paz está a ser negociada nas suas costas. O líder russo saudou ainda o sucesso do primeiro encontro entre os responsáveis russos e ucranianos e elogiou a posição “imparcial” dos representantes da Administração Trump. Salvaguardou, no entanto, que é importante “construir confiança” entre a Rússia e os EUA para que as negociações sejam bem-sucedidas. Sobre o seu encontro com Donald Trump, afirmou que “ficaria contente” por se reunir com o Presidente norte-americano em breve, mas caucionou que o encontro deve ser devidamente preparado e isso pode demorar algum tempo.

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