Teve na mão o envelope da terceira parte do Segredo de Fátima, mas não o revelou. Foi o primeiro cardeal a assumir como verdadeiras as aparições do Anjo.
Teve na mão o envelope da terceira parte do Segredo de Fátima, mas não o revelou. Foi o primeiro cardeal a assumir como verdadeiras as aparições do Anjo.
Dois anos e meio antes de ser eleito Papa, Ângelo Roncalli presidiu à peregrinação aniversária de Maio de 1956 no Santuário de Fátima. Foi o primeiro peregrino de Fátima a ser eleito líder da Igreja Católica.
As Aparições contavam quase quatro décadas e a presença do prestigiado Patriarca de Veneza contribuiu para a afirmação do fenómeno da Cova da Iria como verdade teológica.
Na sua longa homilia comparou as Aparições de Fátima a um tríptico: “No inferior do primeiro (quadro), as três aparições do Anjo de Portugal às três crianças de Aljustrel. No grande quadro do meio, as seis aparições da Celeste Senhora na Cova da Iria. No terceiro, tudo o que se seguiu às misteriosas visões, isto é, o movimento espiritual que desta província de Estremadura se levantou e propagou, não só em Portugal, mas em toda a Europa e no mundo inteiro”.
Considerando a Cova da Iria “uma fonte inexaurível de graças e de prodígios”, o cardeal dedicou a maior parte da homilia às aparições do Anjo de Portugal.
Já eleito Papa, manteve forte ligação a Fátima e chegou a ter na mão o envelope lacrado da terceira parte do Segredo. Concluiu que era cedo para o revelar.
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A sua eleição pontifícia, a 28 de outubro de 1958, após o longo pontificado, de quase duas décadas, de Pio XII, foi entendida como um mero ato de transição na liderança da Igreja Católica. Porque contava já 77 anos de idade e levava apenas cinco anos como cardeal e patriarca de Veneza, a maioria dos analistas pensou que “o simpático velhinho” ocuparia passivamente a Cadeira de Pedro. Puro engano.
Apesar de ter sido curto o seu pontificado, de apenas quatro anos e 218 dias, avançou com uma das maiores reformas de sempre na bimilenar História da Igreja: o célebre Concílio Vaticano II.
Apenas três meses depois de ter assumido os destinos da Santa Igreja Católica, João XXIII (nome escolhido em homenagem ao pai) surpreendeu o mundo ao anunciar, a 25 de janeiro de 1959, a realização de um concílio ecuménico com o objetivo de preparar a Igreja para enfrentar e acompanhar as transformações do mundo moderno.
Foram muitos, dentro e fora da Igreja, que desconfiaram da solene promessa, supondo que o velho pontífice não teria tempo nem energia para levar tão complexa empresa a bom termo. Só que, apesar do seu ar de “bom pastor”, a dar a ideia de que era mais sorridente do que concretizador, João XXIII era um homem de coragem e de uma fibra extraordinária, qualificativos que ficaram inscritos na História.
Todas as dúvidas se dissiparam a 11 de outubro de 1962 quando, no Vaticano, da janela do Palácio Apostólico, onde os papas ainda hoje recitam, aos domingos, a oração do Ângelus, proferiu o famoso “discurso da lua”.
Poderíamos dizer que até mesmo a Lua está com pressa esta noite...observem-na, lá no alto, está a olhar para este espetáculo...
Disse o pontífice, já de saúde debilitada, devido a um cancro no estômago, que o levou à morte oito meses depois, a 3 de junho de 1963, observando uma praça repleta de fiéis, todos com velas acesas.
O povo não percebia muito bem o que se passava, mas, na sua intuição, percebia que era algo de realmente especial. Tratava-se do discurso que acabaria por mercar a abertura do Concílio Vaticano II que, na primeira sessão contou com a participação de 2 540 prelados oriundos de todo o planeta, assim como várias centenas de teólogos e dezenas de observadores ortodoxos e protestantes.
“A minha pessoa nada vale: é um irmão que fala para vocês, um irmão que virou pai por vontade de Nosso Senhor. Vamos continuar a querer bem um ao outro [...]. Voltando para casa, encontrarão as crianças. Deem-lhes um carinho e digam: “Este é o carinho do Papa”. Talvez as encontreis com alguma lágrima por enxugar. Tende uma palavra de consolo para aqueles que sofrem”, disse o Papa, arrancando dos milhares de fiéis um longo e emotivo aplauso.
A verdade é que, graças a este histórico Concílio, que terminou apenas em 1965, encerrado já por Paulo VI, a Missa passou a ser celebrada na língua de cada país (até então era em Latim), com o sacerdote virado para a assembleia e não de costas.
Este foi um dos aspetos mais visíveis da reforma e que ainda hoje merece contestação por parte dos grupos mais conservadores.
No curto período que liderou a Igreja, menos de cinco anos, publicou oito encíclicas, sendo a mais famosa “Pacem in Terris” - Paz na Terra.
São presididos pelo Papa e juntam os bispos e teólogos de todo o mundo. A Igreja Católica realizou até hoje 21 concílios, uma média de um por século. O primeiro foi o Concílio de Niceia. Decorreu ao longo de um mês, no ano 325. O último foi o Concílio Vaticano II. Um dos mais marcantes foi o Concílio de Trento. Durou 18 anos, de dezembro de 1545 a dezembro de 1563.
Ao longo dos seus quase dois mil anos, a Igreja Católica viveu oito períodos de sede vacante, ou seja, intervalos sem papa reinante. O mais longo foi de três anos e 215 dias, entre os anos 304 e 308. O primeiro foi entre os anos 250 e 251 e o último entre 1415 e 1417. Os oito períodos de sede vacante na Igreja Católica totalizaram dezasseis anos e 85 dias.
Liderava a Igreja o Papa Júlio II quando Portugal e Espanha descobriam novos mundos. Portugal para Oriente e a Espanha para Ocidente. E foi uma bula papal a sancionar o célebre Tratado de Tordesilhas, que dividiu o globo em duas partes. Em 1506, Júlio II recebeu uma embaixada do rei D. Manuel I liderada pelo arcebispo de Braga D. Diogo de Sousa.
Tem no teto uma das maiores obras de arte da humanidade, a monumental pintura do génio Miguel Ângelo Buonarroti, e é um dos lugares mais visitados do mundo. É, desde a sua edificação, o lugar em que se realizam os conclaves, as reuniões fechadas de cardeais para a eleição do líder da Igreja. Leão X foi o primeiro papa a ser eleito na Capela Sistina, em março de 1513.
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