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Papa Pio IX

Pio IX: O Papa do ‘milagre de Loreto’

Sofria de epilepsia, mas Nossa Senhora curou-o. São Vicente Pallotti disse-lhe que ia ser Santo Padre.

Sofria de epilepsia, mas Nossa Senhora curou-o. São Vicente Pallotti disse-lhe que ia ser Santo Padre.

19 de abril de 2025 às 08:00

Foi batizado no mesmo dia em que nasceu, a 13 de maio de 1792, em Senigallia (Itália), o Santo Padre com o pontificado mais longo da história, 31 anos, 7 meses e 22 dias - não considerando São Pedro, o primeiro Papa. Foi também o chefe da Igreja Católica a ser fotografado.

Filho dos nobres Mastai Ferretti, Giovani Maria foi forçado a abandonar os estudos, já em Roma, onde prosseguia a sua formação, quando se começaram a manifestar os sinais de epilepsia. Tinha 20 anos e o parecer dos médicos deixava poucas esperanças: a doença era incurável e o fim estava próximo.

Foi por essa altura que teve um encontro providencial como padre Vicente Pallotti - beatificado em janeiro de 1950 pelo Papa Pio XII e canonizado 13 anos mais tarde pelo Papa João XXIII. Disse ao jovem Giovani Maria que um dia seria Papa.

Não é claro se foi o sacerdote italiano que lhe sugeriu uma peregrinação à Santa Casa de Loreto para pedir um milagre a Nossa Senhora, se foi a decisão foi tomada por iniciativa própria. Certo é que após a viagem Giovani Maria a Loreto, onde pediu a Nossa Senhora sua cura completa e imediata, os ataque de epilepsia foram-se tornado mais raros, até que desapareceram por completo. “Virgem de Loreto curou-o da enfermidade”, como se pode ler na biografia oficial do Vaticano.

A profecia de Vicente Pallotti, que morreu em 1850 e cujo corpo permanece incorrupto, cumpriu-se. GIovani Maria Mastai Ferretti foi eleito Papa a 16 de junho de 1846, tendo dirigido os destinos da Igreja Católica até à sua morte, a 7 de fevereiro de 1878.

O Papa prisioneiro

Na cerimónia de beatificação de Pio IX, a 3 de setembro de 2000, o Papa João Paulo II deixou-nos o lema de vida do Santo Padre com o pontificado mais longo da história, depois de S. Pedro. 

Gostava de dizer a quem lhe estava próximo: ‘nas coisas humanas é necessário contentarmo-nos em fazer 
o melhor que se pode e no resto abandonarmo-nos à Providência, que curará os defeitos e as insuficiências do homem
Papa João Paulo II


Nascido no seio da nobreza, Giovanni Maria, desde muito novo, um exemplo de vida e devoção e fé: “Lutar contra o pecado, evitar qualquer situação perigosa, estudar ‘não por ambição de saber’ mas para o bem dos demais, abandono de si mesmo nas mãos de Deus”, como sublinha a sua biografia oficial.

Ordenado padre em 1819, partiu no ano seguinte para o Chile, para acompanhar o núncio apostólico, D. Giovanni Muzzi, e ali permaneceu até 1825. Nas palavras de monsenhor Pietro Capraro, “poucos puderam ser escolhidos no seu lugar, dotado como era de profunda e sólida piedade, doçura de caráter, prudência e clarividência..., grande zelo, desejo de servir a Deus e de ser útil ao próximo”.

Estátua na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma
Estátua na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma FOTO: Getty Images

Em 1840 foi nomeado cardeal e a 16 de junho de 1846 eleito Papa, sucedendo a Gregório XVI. Tinha 54 anos. Um coração bondoso, que rapidamente conquistou a simpatia do povo. Defensor intransigente dos valores da Igreja e da doutrina católica, cedo deu mostras de um pontificado afirmativo e interventivo - pese embora o ambiente político em Itália viver tempos conturbados, que o obrigaram, inclusive, a refugiar-se dois anos em Gaeta, na região italiana de Lázio, quando, em 1848, se instalou em Roma a “República Romana dos Mazzini”, recorda o Vaticano. Se a situação política era um vulcão, a Igreja também estava debaixo de fogo.

“Nenhum de vós, Veneráveis Irmãos, ignora a amarga e terrível guerra travada contra a Igreja Católica nesta nossa época, homens unidos uns aos outros em ímpia união, adversários da sã doutrina, desdenhosos da verdade (...), disseminando erros entre o povo”, escreveu na sua primeira encíclica, onde abordou (já nessa altura) a questão do celibato dos padres.

A horrível conspiração contra o sagrado celibato dos clérigos, fomentada, oh, que dor!, mesmo por alguns homens da Igreja,
miseravelmente alheios à sua dignidade e cedendo às seduções da voluptuosidade
Papa Pio IX


Fala, também, da “instituição perversa do ensino nas disciplinas filosóficas, pela qual a juventude incauto é corrompida” e da “nefasta doutrina do comunismo, como dizem, que é mais oposta à própria lei natural: uma vez admitida, os direitos de todos, coisas, propriedade, na verdade a própria sociedade humana seriam abalados”, alertava Pio IX.

Voltaria à crítica e à condenação noutras encíclicas, com especial relevo para a famosa “Quanta Cura”, onde enumerou os “principais erros da nossa época” (’Syllabus of Errors’): um corte da Igreja com as pontes do pensamento moderno.

Busto no Museum de Arte de Fort Lauderdale, Flórida, EUA
Busto no Museum de Arte de Fort Lauderdale, Flórida, EUA FOTO: AP

Na segunda metade do pontificado, convocou o Concílio Vaticano I, de onde sobressai a adoção do dogma da infalibilidade dos papas nas matérias referentes à fé e à moral cristãs. Sempre que o Papa fala na condição de sucessor de Pedro, as suas palavras não podem ser negadas e devem ser professadas pelos católicos como definitiva.

Com o fim da soberania política da Igreja sobre os Estados Pontifícios, em 1870, limitando o seu poder ao Vaticano (que hoje conhecemos), Pio IX não mais saiu do pequeno país, considerando-se um prisioneiro. Morreu a 7 de fevereiro de 1887.

Alexandre VI: o papa mais controverso

Alexandre VI liderou a Igreja por apenas 11 anos (1492-1503), mas é considerado o papa mais controverso da História. Para além de ter usado a sua posição para enriquecer e consolidar o poder da sua família, os Borgia, foi acusado de nepotismo e corrupção. Mas perduraram suspeitas muito mais graves: filhos ilegítimos, relações incestuosas e até assassinatos.

Papa tentou evitar grande guerra

Eleito papa a 3 de setembro de 1914, menos de três meses após o início da I Grande Guerra, Bento XV empenhou-se afincadamente em tentar evitar que o assassinato do arquiduque Francisco Fernando desse origem a um conflito de grandes dimensões. Como não conseguiu, apostou no apoio aos feridos e suas famílias, o que deixou o Vaticano à beira da falência.

A guarda do papa veio da Suíça

Conhecidos pela sua disciplina e lealdade, guardas suíços foram escolhidos pelo papa Júlio II para a criação da guarda pontifícia. Foi em 1506. E daí para cá, a tradição nunca foi quebrada. Ao longo da História, muitos deram a vida na defesa do papa. Atualmente é composta por cerca de 140 soldados, que passam por treino militar rigoroso e seguem um código de conduta restrito.

Vaticano tem comboio e correios

O Vaticano possui diversos serviços, entre os quais um banco, um posto dos Correios e uma estação de comboios. Esta foi inaugurada em 1934, durante o papado de Pio XI. No entanto, o uso do comboio é bastante limitado. A linha ferroviária liga o Vaticano à rede ferroviária italiana, mas é usada principalmente para transporte de mercadorias e em eventos especiais.

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