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"Vou tentar descrever em algumas palavras aquilo que vivemos nas últimas 10 horas. Não será suficiente pois cada minuto merecia um livro inteiro.

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FOTO: d.r.
CAMPANHA CONTRA ABUSOS
FOTO: Pedro Queirós/Lourenço Macedo Santos
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O pior minuto de todos foi o primeiro. Quando tudo começou. Eram cerca das 11h30 da manhã, menos 5 horas em Lisboa, e íamos naquele preciso momento a sair do quarto. Estávamos num segundo andar e tínhamos acabado de mudar de um quarto que estava no quinto, porque as torneiras e autoclismo não funcionavam...

No primeiro segundo pensei que fosse um comboio a passar debaixo do chão. Mas no segundo não houve dúvidas. Estava a haver um terramoto. Também me lembro de me vir à cabeça que ia acabar rápido. Mas foi o minuto mais longo de sempre.

 

No primeiro segundo pensei que fosse um comboio a passar debaixo do chão. Mas no segundo não houve dúvidas. Estava a haver um terramoto. Também me lembro de me vir à cabeça que ia acabar rápido. Mas foi o minuto mais longo de sempre.

O chão não parava de tremer. O prédio abanava de um lado para o outro como uma planta frágil que está a levar com vento. Corremos de imediato para debaixo da ombreira da porta e ficámos agarrados um ao outro pelos braços. Nos corredores já havia mais pessoas debaixo das ombreiras. Nunca mais parava.

Penso que estivemos bem pelas reações que tivemos até agora. Também fomos logo procurar espaços abertos pela cidade. Evitámos postes de eletricidade e árvores. Buscámos água, comida, dinheiro em Multibancos e conseguimos contactar as nossas famílias através do telemóvel de um ucraniano.

Por toda a cidade há destroços. O caos está instalado. Há helicópteros no ar. Pessoas a tentar ligar para os entes amados e a chorar. Outros riem-se quando alguém atende do outro lado. Vimos pessoas mortas no chão... Fala-se em 700 mortos e muitas pessoas desaparecidas no sopé do Evereste, local para onde íamos partir na terça-feira...

Penso que estivemos bem pelas reações que tivemos até agora. Também fomos logo procurar espaços abertos pela cidade. Evitámos postes de eletricidade e árvores. Buscámos água, comida, dinheiro em Multibancos e conseguimos contactar as nossas famílias através do telemóvel de um ucraniano.

As estradas estão apinhadas de pessoas. Milhares por todo o lado e as ambulâncias mal conseguem passar. Há sirenes e vidros partidos por todo o lado.

Já houve 13 réplicas desde que começou, mas o pior já passou... Claro que estamos abalados e apreensivos. Mas estamos bem. Foi assustador. Temos ouvido falar em 7.9 na escala de Richter e um epicentro muito perto daqui...

Os aeroportos estão fechados e não vale a pena entrar em pânico. A cidade vai voltar devagar ao que era e até já conseguimos Internet e comer um prato de esparguete. Amanhã já podemos fazer um balanço melhor e tomar decisões sobre o que fazer agora. Para já pergunto-me: como se dorme hoje depois de uma experiência destas? O que muda depois de uma "almost death experience" (experiência quase fatal)?"

Texto de Pedro Queirós e Lourenço Macedo Santos, partilhado no Facebook e cedido ao CM para publicação.