Morreu Silva Lopes, antigo Ministro das Finanças e Governador do Banco de Portugal.
Silva Lopes morreu esta quinta-feira, aos 82 anos. Silva Lopes foi Ministro das Finanças do II e III Governos Provisórios, foi também o décimo governador do Banco de Portugal. O economista esteve hospitalizado nos últimos dias.
Nascido em Seiça, concelho de Ourém, distrito de Santarém, em 1932, José Silva Lopes licenciou-se em Finanças no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras e ocupou vários cargos de relevo, com funções de muita visibilidade.
Presidente do Conselho Económico e Social, governador do Banco de Portugal, ministro das Finanças, deputado, negociador da entrada de Portugal na Associação Europeia para o Comércio Livre e no Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio foram alguns dos cargos que ocupou e funções que desempenhou desde que se licenciou em Finanças, em 1955, no antecessor do ISEG, o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF).
Depois de assumir a secretaria de Estado das Finanças no I Governo provisório, em 1974, passou a dirigir o Ministério das Finanças nos dois governos seguintes, em 1974 e 1975, o que repete no III Governo constitucional, em 1978, não sem antes ser ministro do Comércio Externo no IV Governo provisório, em 1975.
Da instabilidade governativa seguiu para a governação do Banco de Portugal, entre 1975 e 1980, onde a "invenção" de divisas passou a ser o seu quotidiano.
Em 2003, foi agraciado pelo Presidente da República com a Grã Cruz da Ordem de Cristo, pela sua atividade de 48 anos como economista, quase sempre ao serviço do Estado.
Na última entrevista dada à agência Lusa por ocasião do 40.º aniversário do 25 de abril, o economista caracterizou Portugal como um país "profundamente desigual" e "bastante corrupto".
"Apesar dos progressos na educação, temos uma população pouco educada no sentido formal e com um grau de instrução muito inferior ao da média europeia, das piores da Europa. Depois também somos um país bastante corrupto", afirmou.
O ex-ministro disse também que Portugal é um "país profundamente desigual", sublinhando que um dos males da democracia é a impunidade.
"A nossa liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros e cá damos liberdade a todos os delinquentes", disse, acrescentando que Portugal foi longe demais na "proteção dos delinquentes".
Conhecido por ser um dos "mais eminentes e reconhecidos economistas portugueses", como refere o Banco de Portugal, José Silva Lopes foi responsável em Portugal pela introdução do regime de desvalorizações programadas do escudo.
Segundo o Banco de Portugal, aquela medida "ajudou a ultrapassar o período de instabilidade macroeconómica vivido na sequência do primeiro choque petrolífero e da mudança de regime".
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