Quase 300 manifestantes detidos nas mobilizações e bloqueios em França

Movimento “Bloquons Tout” (Vamos Bloquear Tudo) ganhou força nas redes sociais e em grupos criptografados durante o verão.

10 de setembro de 2025 às 08:30
Polícia francesa dispersa manifestantes Foto: Philippe Magoni/AP
França enfrenta paralização "Bloqueie Tudo" Foto: Aurelien Morissard/AP
Manifestantes em França Foto: Philippe Magoni/AP
Polícia francesa dispersa manifestantes Foto: Philippe Magoni/AP
Manifestantes franceses Foto: Thibault Camus/AP

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França enfrenta esta quarta-feira um dia marcado por greves e manifestações num movimento denominado "Vamos Bloquear Tudo" que contesta cortes orçamentais, prometendo paralisar serviços e transportes. As manifestações ocorrem no momento em que Sébastien Lecornu se prepara para assumir o cargo de primeiro-ministro após a queda do governo de François Bayrou. 

Cerca de 300 pessoas foram esta quarta-feira detidas em diferentes pontos de França indicou o Governo francês.

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Um novo balanço do Ministério do Interior francês foi atualizado às 13h00 (12h00 de Lisboa), nu dia marcado por mais de 150 bloqueios nos transportes e em centros educativos devido ao movimento social "Vamos Bloquear Tudo!", convocado durante o verão nas redes sociais, prometendo ser semelhante ao dos "coletes amarelos" em 2018.

Pelo menos quatro membros das forças de segurança ficaram ligeiramente feridos, enquanto seguiam as diretrizes do ministro do Interior francês em funções, Bruno Retailleau, para intervir rapidamente e tentar impedir os manifestantes do movimento, noticiou a cadeia de televisão BFMTV.

Segundo a Associated Press, o movimento “Bloquons Tout” (Vamos Bloquear Tudo) ganhou força nas redes sociais e em grupos criptografados durante o verão, antes da destituição de François Bayrou.

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As autoridades francesas destacaram cerca de 80.000 elementos das forças de segurança para fazer frente às dezenas de milhares de manifestantes esperados.

Em Paris, onde os comboios registam atrasos significativos e várias escolas e universidades estão encerradas, os manifestantes estão maioritariamente localizados em zonas da periferia, em pontos estratégicos a leste e a norte da cidade, como na Porta de Bagnolet e na Porta da Chapelle, onde passam as principais autoestradas.

Na capital francesa, estão mobilizados pelo menos 6.000 polícias e gendarmes, que intervêm nos protestos localizados pela cidade desde a meia-noite.

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Em Marselha, onde a situação está menos controlada, várias centenas de pessoas montaram barricadas desde o início da manhã para interromper a circulação de veículos e do elétrico.

O oeste do país está particularmente mobilizado, em Nantes e em Rennes, o trânsito ficou interrompido nas periferias, segundo a Bison Futé, órgão de informação sobre o trânsito, tendo a polícia de recorrer a gás lacrimogéneo para tentar dispersar várias centenas de manifestantes num dos cruzamentos da autoestrada em Rennes que estava bloqueada.

Em Toulouse, cerca de 200 manifestantes bloquearam durante menos de uma hora uma rotunda, com barreiras, pneus e tudo o que encontraram nas proximidades, e ainda estenderam uma faixa preta com a frase "Macron explosão" numa estrada.

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Já em Bordéus, as forças da ordem rapidamente desbloquearam um dos depósitos da rede de elétricos da cidade.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT), que também se juntou ao protesto juntamente com outros sindicatos, contabilizou 700 ações em empresas ou infraestruturas estratégicas do país.

É esperado que ao longo do dia, os bloqueios, greves e manifestações ganhem força por todo o país que ocorre em plena crise política e com uma crescente contestação contra o Presidente francês, Emmanuel Macron, pela sua liderança e políticas de austeridade.

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Segundo Bruno Retailleau, que se deslocou a um centro de abastecimento de Paris em Rungis, este movimento "não tem nada a ver com uma mobilização cidadã", mas foi "capturado pela extrema-esquerda e pela ultra-esquerda", denunciando incitamentos por parte da França Insubmissa (LFI, esquerda radical).

"Temos pequenos grupos móveis, muitas vezes mascarados, encapuzados e vestidos de preto, nos quais se reconhecem, na realidade, os movimentos da extrema-esquerda", disse, referindo a existência de "ações violentas".

Estas ações ocorrem apenas algumas horas depois do Presidente francês ter anunciado a nomeação do novo primeiro-ministro e até agora ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, o quarto em apenas 12 meses, após François Bayrou ter sido destituído do cargo na votação de uma moção de confiança no parlamento.

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