Donald Trump quer pedidos de desculpas de congressistas
Presidente norte-americano mandou “para os seus países” quatro democratas, mas alega que reagiu a insultos de radicais de esquerda.
O presidente Donald Trump ignorou esta segunda-feira as acusações de racismo de que foi alvo por mandar "para os seus países" quatro congressistas democratas de ascendência africana, árabe e latina e não hesitou em voltar à carga, afirmando que devem ser as visadas pelos seus insultos a pedirem-lhe desculpa.
"Se odeiam o vosso país, se não estão satisfeitas aqui, podem ir-se embora", disparou o presidente.
"Quando irão as congressistas radicais de esquerda pedir desculpa ao país, ao povo de Israel e ao presidente pelas coisas terríveis que disseram?", questionou Trump no Twitter.
Na origem destes ataques sem precedentes estão as críticas que as congressistas lhe fizeram na sexta-feira, quando denunciaram as condições de miséria em que vivem os imigrantes em centros de detenção nos EUA.
Uma das visadas foi Alexandria Ocasio-Cortez, de ascendência porto-riquenha, que afirmou-se envergonhada por tais situações terem lugar "sob a bandeira norte-americana". Ontem, ante os insultos de Trump, afirmou: "Está zangado porque não consegue conceber uma América que nos inclui".
A afro-americana Ayanna Pressley afirmou, por seu lado, que Trump "é a imagem do racismo", enquanto ela e as colegas "são a face da democracia". Já Rashida Tlaib, filha de pais palestinianos e, também ela, nascida nos EUA, foi mais contundente: "Ele é a crise. A sua ideologia perigosa é a crise. Tem de ser destituído".
Por fim, Ilhan Omar, refugiada somali que chegou aos EUA em 1997, ainda criança, condenou os ataques de Trump porque "dão armas ao nacionalismo branco" e concluiu: "Está zangado por ver pessoas como nós no Congresso e a combater a sua agenda carregada de ódio". Recorde-se que tanto Omar como Tlaib se tornaram símbolos de resistência a Trump ao serem as primeiras muçulmanas eleitas para o Congresso.
PORMENORES
Silêncio republicano
A polémica não foi comentada nem por Mitch McConnell nem Kevin McCarthy, líderes republicanos no Congresso.
Pelosi apoia radicais
A líder democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, tem diferendos com as congressistas mas defendeu-as após os insultos do presidente.
"Podia ser detido"
O diretor do Conselho de relações Americano -Islâmicas, Nihad Awad, afirmou que Trump "podia ser detido" se dissesse o que disse no Twitter "a uma muçulmana numa loja Walmart".
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