Ex-guarda nazi com 100 anos vai ser a pessoa mais velha julgada por crimes de guerra
Josef S. é acusado de ser cúmplice de 3.518 homicídios no campo de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha.
Um ex-guarda de um campo de concentração nazi, com 100 anos, foi esta sexta-feira a julgamento por ser cúmplice do assassínio de 3.518 prisioneiros no campo de concentração de Sachsenhausen, perto de Berlim, na Alemanha.
Setenta e seis anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o centenário - identificado apenas como Josef S., por causa das leis de privacidade alemãs - torna-se o homem mais velho a ser julgado por crimes de guerra cometidos no Holocausto.
O réu terá trabalhado como guarda prisional no antigo campo de concentração de Sachsenhausen de 1942 a 1945, período em que dezenas de milhares de prisioneiros morreram. O homem é acusado de ajudar na "execução por fuzilamento de prisioneiros de guerra soviéticos em 1942" e do "assassínio de prisioneiros usando o gás venenoso Zyklon B", avançou o Daily Mail.
Josef S tinha 21 anos na altura dos crimes e actualmente, apesar da idade, foi considerado apto a comparecer ao tribunal por até duas horas e meia por dia. O julgamento deverá continuar até janeiro.
O arguido compareceu à sessão no tribunal desta sexta-feira numa cadeira de rodas e a segurar uma pasta que usou para esconder o rosto das câmaras. Joseph decidiu remeter-se ao silêncio perante as acusações.
"O réu apoiou os crimes de forma consciente e voluntária - pelo menos cumprindo conscientemente o dever de guarda, que estava perfeitamente integrado no regime de homicídio", disse o advogado de acusação, citado pela BBC.
Thomas Walther, advogado que representa vários sobreviventes do campo de concentração e parentes das vítimas no caso, disse que mesmo 76 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, julgamentos como este são necessários para responsabilizar os perpetradores.
"Não há prazo de validade para a justiça", disse Walther à AFP.
O advogado espera que Josef S. esclareça os métodos utilizados para matar pessoas no campo, mas também que admita que "estava errado" e que está "envergonhado".
O caso surge uma semana depois de uma mulher alemã de 96 anos, que era secretária num campo de extermínio nazi, ter fugido da casa de repouso onde vivia antes do início do julgamento, mas foi apanhada poucas horas depois. A mulher também é acusada de ser cúmplice de homicídio e o julgamento recomeça a 19 de outubro.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt