“Foram emboscados e mortos pela polícia”: Residentes acusam autoridades angolanas de repressão

Ministro da Justiça defende a polícia e diz que os manifestantes atacaram os agentes.

05 de fevereiro de 2021 às 01:30
Polícia em Angola Foto: Lusa
Tio de uma das vítimas mostra fotografia do jovem Foto: Ampe Rogério / Lusa

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Cinco dias depois do massacre que poderá ter custado a vida a mais de 20 pessoas, o Cafunfo chora os seus mortos e procura ainda muitas vítimas desaparecidas, entre acusações de que a polícia queimou cadáveres numa ravina e atirou cerca de 20 mortos ao rio.

“Temos provas concretas do que se está a passar. O governo diz que são uns rebeldes que queriam invadir a unidade policial, mas é pura mentira”, afirmou à Lusa o catequista André Candala, de 62 anos, adiantando que, segundo contas suas, morreram pelo menos 25 pessoas na repressão policial da manifestação de sábado na vila diamantífera. Candala acusa a polícia de massacrar os manifestantes, convocados pelo movimento autonomista Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT). “Deixaram avançar os manifestantes e foram emboscados e mortos com metralhadoras.”

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E houve outros, atingidos sem mesmo estarem no protesto. É o caso de Zango Elias, seminarista, sobrinho de Alfredo Alexandre Moisés, coordenador das comunidades da Paróquia de São José. “Foi atingido pelas costas e a bala saiu na barriga”, afirmou o tio, mostrando a fotografia do jovem morto.

Os moradores afirmam que a manifestação visava denunciar a pobreza em que vivem, não beneficiando da extração dos diamantes da zona, a 750 km de Luanda.

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A polícia foi informada do protesto dias antes e, dizem, respondeu com repressão e detenções de jovens, acusados de pertencerem ao MPPLT.

Apesar das denúncias dos residentes, da oposição, de ONG e até da Igreja angolana, que falam de massacre no Cafunfo, o governo reitera a defesa da polícia, repetindo que houve “uma rebelião armada” e alegando que as violações de direitos humanos foram de ambos os lados. “Ninguém pode pegar em armas, atentar contra a vida das pessoas”, afirmou o ministro da Justiça, Francisco Queiroz.

Polícia dispara para travar novo protesto em Luanda

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A polícia voltou esta quinta-feira a reprimir pela força um protesto em Luanda. Segundo manifestantes que queriam assinalar o 4 de fevereiro, início da luta armada em Angola, a polícia prendeu 20 pessoas e disparou sobre os manifestantes, ferindo pelo menos dois. “Primeiro lançaram gás lacrimogéneo e por fim tiros de balas reais”, afirmou Lourenço Dombolo, acusando a polícia de usar armas de grande calibre.

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