Morreu Assunta Maresca, primeira mulher chefe da máfia napolitana que matou assassino do marido
Vencedora de concursos de beleza liderou a Camorra após matar anterior líder, quando estava grávida.
Morreu esta quinta-feira Assunta Maresca, a primeira mulher a liderar o poderoso clã Camorra, nome indissociável da máfia em Nápoles, Itália. Assunta, conhecida como ‘A Bonequeinha’, por ter vencido concursos de beleza na sua juventude, tinha 86 anos.
A ‘pioneira’ do crime ficou famosa quando, aos 18 anos, matou Antonio Esposito, então líder da Camorra, que havia assassinado o seu marido. Assunta Maresca estava grávida de seis meses quando disparou vários tiros contra o mafioso em plena rua em Nápoles. Imediatamente subiu a líder do grupo mafioso, na década de 1950.
No julgamento do homicídio, em 1959, e apesar de as autoridades desconfiarem que Assunta teve pelo menos um cúmplice, a napolitana sempre assumiu ser a única autora do crime e clamou: "Fui eu que o matei. E voltava a fazê-lo uma e outra vez!".
Maresca deu a luz quando estava na prisão e só voltaria a ver o filho quando foi libertada, após cumprir mais de 14 anos de cadeia.
Já em liberdade, continuou ligada à máfia, mas tornou-se empresária (abriu duas lojas de roupa) e até atriz, tendo participado num filme inspirado na sua vida.
O filho, Pasqualino, viria a desaparecer. Estava na linha de sucessão da Camorra e o namorado de Maresca, Umberto Ammaturo, com quem a italiana teve dois filhos gémeos, foi o principal suspeito do eventual homicídio do enteado. Maresca contou em entrevista que pressionou várias vezes o companheiro para lhe revelar o que havia acontecido, sem sucesso. Escolheu manter-se ao lado do namorado, para se proteger e aos filhos, então menores.
Maresca viria a ser suspeita em mais dois homicídios relacionados com famílias rivais da máfia napolitana, chegando a passar mais quatro anos na cadeia, na década de 1980, vindo a ser absolvida em ambos os casos.
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