O regresso de Tcheka e a afirmação de Lucibela no Kriol Jazz Festival

Festival decorreu de 13 a 15 de abril.

19 de abril de 2023 às 18:34
Tcheka, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Tcheka, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Pamela Badjogo, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Rossevelt Collier, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Lucibela com Dee Dee Bridgewater, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Lucibela, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Dee Dee Bridgewater, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Doctor Prats, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Bamba Wassoulou, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Asa, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Luedji Luna, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias
Orchestra Baobab, Kriol Jazz Festival 2023 Foto: Tiago Sousa Dias

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O Plateau da cidade da Praia, em Cabo Verde, acolheu Kriol Jazz Festival 2023. Orchestra Baobab, Dee Dee Bridgewater e Bamba Wassoulou Groove, deixaram marca nesta 12ª edição.

O Kriol Jazz Festival teve início com a Orchestra Baobab, que foi fundada num outro Plateau, o de Dakar, durante a década de setenta. As suas raízes são senegalesas mas na sua música estão muito presentes os ritmos afro-cubanos. Em crioulo da Guiné-Bissau cantou os temas "Utru Horas"e "Cabral", num concerto em que o público da Ilha de Santiago dançou e aplaudiu, com carinho e um respeito especial, esta banda que conta com 53 anos de percurso por palcos internacionais. A primeira noite do festival encerrou com o afro-jazz da cantora gabonesa Pamela Badjogo.

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Tcheka voltou em grande à capital da sua ilha. No segundo dia de Kriol Jazz, na Praça Luís de Camões, o músico de Ribeira da Barca deu um concerto diferente do habitual. O cantor encontra-se numa nova fase da sua vida, mas com a mesma garra de sempre. "Nas mãos de Tcheka a guitarra sofre", é uma frase antiga de alguém muito próximo do cantor, que com humor, retrata a determinação e precisão do músico para alcançar o ritmo e a nota que sabe que a guitarra lhe vai dar.

O concerto começou com o tema Antuneku do álbum Dor de Mar, e cedo se percebeu que a banda que estava em palco com o cantor e guitarrista dava uma dinâmica diferente. Tcheka toca habitualmente a solo ou em dueto. Nesta noite tocou com bateria, piano e um contrabaixista que conhece bem, Thibaud Solas. Têm trabalhado juntos nos últimos tempos, e o entrosamento é perfeito. Apresentou o seu último disco, Spera Mundo, mas não esqueceu temas mais antigos como Stada Pico ou Tchoro na Morte. "Uma morna, mas uma morna à Tcheka", fez questão de frisar o cantor. A alegria dos quatro músicos em palco contagiou o público. Ao ritmo frenético da guitarra de Tcheka, todos os instrumentos davam mais e mais. O cantor liderou a banda e soube deixá-la brilhar, com muito jazz, à Tcheka.

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Foi então a vez do rock e do blues com o norte-americano Rossevelt Colliere e a sua guitarra "lap steel".

Luedji Luna trouxe a música popular brasileira a Cabo Verde. A cantora e ativista baiana tem, segundo notícias recentes, um tema com Dino d’Santiago para sair em breve.

A segunda noite do festival fechou com a energia interminável dos Bamba Wassoulou Groove. Os músicos aqueceram a audiência com o instrumental Konokassilé, e de seguida entrou em palco Ousmane Diakité com o tema Dankélé, e mostrou a potência do funk e do rock’n’roll que se faz a partir da música tradicional do Mali. O ritmo não baixou até ao fim do concerto, para satisfação dos presentes.

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O último dia de Kriol Jazz Festival começou com a cantora de jazz norte americana Dee Dee Bridgewater. Interpretou temas como: "Permit me to introduce you to yourself", "St Vitus Dance", "Nica’s Dream". Voltou ainda para um encore com o tema "Blue Monk".

Pela primeira vez num grande palco da sua bem conhecida cidade da Praia, Lucibela deu um concerto em que se afirmou como uma das grandes vozes da morna de Cabo Verde. "Laço Umbilical" e "Bombena", são duas das mornas interpretadas pela cantora cabo-verdiana. Não faltaram as coladeiras "Mal Amadu" e "Curpim Sab", mas quando cantou "Negui" demonstrou o alcance da sua voz.

A atuação de Lucibela mereceu elogios de Dee Dee Bridgewater. A cantora norte-americana viveu em Paris na década de oitenta, e conheceu Cesária Évora. Fez questão de ver o concerto de Lucibela e referiu ao jornalistas que tinha encontrado algumas semelhanças com a voz Cesária Évora. Lucibela salientou que Cesária é única, mas gostou do elogio. As duas acabaram por se conhecer nos bastidores. Dee Dee fez questão de dizer à cantora cabo-verdiana que tinha gostado muito do concerto, e da sua voz.

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O Festival terminou com música mais pop. A cantora nigeriana Asa primeiro, e os catalães Doctor Prats que deixaram o recinto a dançar até ao último minuto.

O Kriol Jazz terá este ano uma segunda edição nos dias 7 e 8 de julho na ilha do Sal. 

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