Turquia abate avião russo
Vladimir Putin diz que ataque é "facada nas costas".
Aviões turcos abateram esta terça-feira um caça russo que terá violado o espaço aéreo da Turquia, no mais grave incidente entre um país da NATO e a Rússia em várias décadas. Moscovo prometeu uma "resposta séria" ao que o presidente Vladimir Putin considerou "uma facada nas costas" levada a cabo por "cúmplices dos terroristas".
O avião russo, um caça SU-24, participava num bombardeamento contra posições da oposição síria junto à fronteira turca quando, segundo o governo de Ancara, entrou "várias vezes" no espaço aéreo da Turquia, tal como já havia sucedido noutro incidente semelhante no início de outubro. Foram feitos pelo menos 10 avisos no espaço de 5 minutos, que não tiveram qualquer resposta do piloto russo. Dois caças F-16 abriram então fogo, abatendo o avião russo.
Os dois pilotos conseguiram ejetar-se, mas pelo menos um deles terá sido morto pelos rebeldes sírios. Um vídeo divulgado pouco após o incidente mostra vários rebeldes junto ao corpo de um dos pilotos. Mais tarde, um comandante rebelde local alegou que os seus homens tinham matado os dois pilotos "ainda antes de chegarem a terra", mas esta informação não foi confirmada. Um helicóptero enviado pelas forças russas para procurar os pilotos foi igualmente atacado pelos rebeldes, tendo morrido um militar.
A Turquia alega que o avião russo penetrou mais de 1,5 quilómetros no espaço aéreo turco, onde permaneceu durante pelo menos 17 segundos. "Foram repetidamente avisados. Os nossos dados indicam que violaram repetidas vezes o espaço aéreo turco, de forma deliberada", adiantou fonte militar turca. "Temos todo o direito de proteger o nosso território", frisou o PR turco Tayyip Erdogan.
Putin garante, no entanto, que o avião estava "mais de um quilómetro" em território sírio quando foi abatido e promete que o ataque terá "consequências sérias", embora uma reação militar pareça estar, para já, fora dos planos de Moscovo. O incidente irá certamente complicar, no entanto, os esforços para criar uma frente internacional unida contra o terrorismo.
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