Líder do governo espanhol referiu como a guerra e a pandemia expuseram a dependência europeia da China e da Rússia e considerou "vital reforçar os laços" com região do continente americano.
Espanha assume em 1 de julho a presidência semestral da União Europeia (UE) com a ambição declarada de transformar os próximos seis meses no marco de uma nova etapa das relações da Europa com a América Latina.
A presidência espanhola arranca em julho com uma cimeira UE - CELAC, a Comunidade de Estados da América Latina e Caraíbas, a primeira que se realiza desde 2015, e o atual governo de Madrid, liderado pelo socialista Pedro Sánchez, quer que o semestre europeu termine com novos acordos comerciais fechados com o Chile e o México.
Pretende ainda que tenham, pelo menos, sido dados "passos substantivos" para o tratado de comércio definitivo com o Mercosul (Mercado Comum do Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
Apesar do peso que Espanha, antigo colonizador da América Latina, dá à cimeira UE-CELAC, o encontro vai realizar-se em Bruxelas, depois de Pedro Sánchez o ter anunciado pela primeira vez em agosto do ano passado, durante uma visita à Colômbia.
Logo naquele dia, o líder do governo espanhol referiu como a guerra na Ucrânia e a pandemia expuseram a dependência europeia da China e da Rússia em relação ao abastecimento de produtos industriais, de alimentos, de energia ou de matérias-primas e considerou "vital reforçar os laços" com a América Latina.
Desde então, Sánchez e outros governantes espanhóis têm repetido que a América Latina é a região do mundo com mais "valores partilhados" com a Europa, com países de "rendimento médio" e já destino de "investimentos avançados", num contexto muito diferente do de África, um continente onde as relações, do ponto de vista europeu, são mais vistas como de cooperação e puramente de ajuda ao desenvolvimento.
Um contexto que permite desenvolver entre a UE e a América Latina uma "associação estratégica", numa parceria que seja mutuamente benéfica, como reiteraram na terça-feira fontes da Moncloa (sede do governo espanhol).
As mesmas fontes realçaram como Espanha dá "grande importância" a que esta cimeira seja "um êxito", o que terá de se traduzir em avanços nos acordos comerciais; na institucionalização da relação entre os dois blocos, com o estabelecimento de cimeiras regulares e de mecanismos de acompanhamento das decisões; na definição de um "plano de ação" com "pontos em todos os âmbitos" e numa "agenda de investimentos" europeus na América Latina.
A decisão para fazer a cimeira UE-CELAC em Bruxelas pretendeu, segundo afirmou Sánchez na semana passada, manifestar a importância que a UE no seu conjunto dá agora à necessidade de uma nova parceria com a América Latina.
Em 07 de junho, a própria Comissão Europeia apresentou uma nova agenda para as relações entre a UE e a América Latina e as Caraíbas, no âmbito da qual propôs "o reforço do diálogo" e defendeu "cimeiras mais regulares" e "um mecanismo de coordenação permanente".
"Ambas as regiões têm interesse em trabalhar em conjunto" com o objetivo de alcançar "uma parceria estratégica mais forte e modernizada, através de um compromisso político reforçado, da promoção do comércio e do investimento e da construção de sociedades mais sustentáveis, justas e interligadas através de investimentos", defendeu Bruxelas.
O chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrel, acrescentou que nesta relação não se pode "confiar apenas nos laços tradicionais" e é preciso "levar a cooperação para o próximo nível" e em meados deste mês, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, fez um périplo por vários países da América Latina.
A região da América Latina e Caraíbas é responsável por mais de 50% da biodiversidade do planeta, representando também 14% da produção mundial de alimentos e 45% do comércio agroalimentar internacional líquido. É ainda uma potência para energias renováveis, com as fontes alternativas a representarem já cerca de 60% do cabaz energético da região.
Entre o início e o final da presidência espanhola da UE haverá eleições gerais em Espanha, em 23 de julho, com as sondagens a darem vitória à direita e a possibilidade de o primeiro-ministro do país mudar a meio, o que, segundo a generalidade dos analistas e protagonistas políticos, não mudará as prioridades de Madrid em relação ao semestre europeu.
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