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Khaly Angel e o ‘tecladinho’ do chinês

A partir da música tradicional, o cantor cabo-verdiano cria e improvisa, à sua maneira.

25 de julho de 2023 às 12:08
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Khaly Angel e o ‘tecladinho’ do chinês

Khaly Angel esteve com a sua banda, Pret & Bronk, na primeira edição do Sal Kriol Jazz Festival, na ilha do Sal.

O músico, cantor e compositor, nasceu e cresceu com a música no Mindelo. "Comecei a tocar desde menino. A minha mãe ofereceu-me um ‘tecladinho’ do chinês pelo natal. Nessa altura temos sempre várias músicas de fim de ano a tocar na rádio. E foi aí que aprendi essas músicas em poucos dias. Comecei a tocar e a dar as boas festas, que é tradição em São Vicente. Acho que aquela cena dos aplausos, e de receber uma moeda cada vez que íamos tocar, deu-me um certo brio desde criança. A partir daí, foi uma chama que nunca mais apagou", recorda Khaly, que em 2010  ingressou na banda de Cesária Évora.

"Curiosamente, entrei na banda de Cesária no Kriol Jazz. Fui atuar com o Hernani Almeida, e o José da Silva viu-me nessa altura. Ele estava a fazer uma mudança na banda, e perguntou-me, se estaria interessado em ser o diretor musical. Eu só tinha 17 anos. Isso não é pergunta que se faça. Claro que queria. Dois meses depois já estava a ensaiar e a tocar com a Cesária", lembra o músico de São Vicente, que não se esquece de ter participado num evento de apoio a crianças carenciadas, com aulas de música, em que Cesária Évora esteve presente. "Foi o Nando Andrade que me fez o casting. Foi muito curioso, porque anos depois vim a substituí-lo na banda de Cesária".

Khaly é muito versátil como compositor. Tem gravado muitas músicas, e em estilos diferentes. De ‘Da pa dod’, inspirado no carnaval do Mindelo, a ‘Ka bu largan’, apenas com voz e piano, ou ‘Fayah’, com ritmos mais dançantes. Sempre procurou novos sons para brincar com o seu ‘tecladinho’, e os arranjos mais electrónicos que foi encontrando, acabaram por lhe dar uma identidade reconhecida. "A vantagem de estar em Cabo Verde, é que geograficamente estamos bem localizados. Sofremos várias influências do mundo. Música Latina, brasileira, europeia, africana, e até de música asiática temos um cheirinho. É muito fácil, para nós, misturar, essa versatilidade é muito natural. Já fiz muitas experiências, por exemplo, com a Lura e aquele funaná ‘Alguem di Alguem’, que me procurou, dizendo que queria aquele ‘trap’, um pouco de eletrónica dentro do funaná. Adoro estes desafios, e sempre faço um mix, temperos, tudo", refere Khaly Angel, que tem agora em mãos o projeto Pret & Bronk, banda que estreou o palco do Sal Kriol Jazz Festival.

"A banda Pret & Bronk foi ideia do Nuno, do Bruno, e de um outro baixista, que tínhamos. Começou como um quarteto, com algumas variações até chegarmos ao ponto em que estamos. O conceito era de covers e improvisos. Até que, surgiu a necessidade de termos músicas originais. As primeiras composições que fiz para a banda eram sempre viagens muito estranhas. Havia a necessidade de encostar um pouco na terra. O nome Kriol Jazz já diz tudo, mesmo o José da Silva falou connosco e disse-nos que podíamos abrir mais portas levando esse conceito. E como já disse, gosto de desafios, e foi isso mesmo que fizemos. Pegámos naquela tradição, nas raízes, explorámos e temperámos na nossa maneira, e está aí o resultado. Ainda temos muito para mostrar", informa Khaly, sobre os Pret & Bronk e o concerto na ilha do Sal, em que a banda, com o guitarrista convidado Vamar Martins, mostrou um jazz crioulo muito bem conseguido.  

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