Presidente norte-americano prometeu divulgar os nomes constantes na lista do bilionário que geria uma rede de abusos sexuais de menores, mas recuou. Apoiantes não perdoam.
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“Epstein é a chave que abre a porta a muitas coisas, e não falo só de pessoas, mas também de instituições”, avisou Steve Bannon, ex-assessor de Trump. São essas portas que o MAGA - movimento trumpista que luta por uma “América grande outra vez”, fundamental na eleição no atual inquilino da Casa Branca - quer ver escancaradas. Quem são essas pessoas? Quem são essas instituições? “[Epstein] é alguém com quem ninguém se importa”, responde Trump, irritado, alegando que tem outros assuntos para tratar. Mas não vai ser fácil fazer esquecer um dos maiores escândalos sexuais da América, envolvendo menores, sobretudo quando o próprio Trump prometeu, na campanha eleitoral, total transparência, com a divulgação dos nomes dos envolvidos - todos gente famosa, influente e poderosa. Epstein manteve durante anos um relacionamento privilegiado com figuras destacadas da política, do poder económico, personalidades do meio académico e muitas celebridades. Foi detido em 2006 por pagar a uma menor por sexo e condenado a 13 meses de prisão. Seguiram-se dezenas de denúncias semelhantes, mas só em 2019 foi acusado de tráfico sexual, abrindo uma caixa de Pandora. Epstein tinha uma longa lista de clientes famosos, a quem facilitava a prática de sexo com mulheres muito jovens, sobretudo raparigas menores, recrutadas pela namorada, a socialite britânica Ghislaine Maxwell. O multimilionário foi encontrado morto na cela um mês após ser preso. Maxwell cumpre 20 anos de cadeia.
Mas, afinal, quem fazia parte da lista? Trump admitiu a sua existência e garantiu que seria tornado público tudo sobre o caso; a procuradora-geral Pamela Bondi, além de ter dado a entender que a lista estava em cima da sua secretária, chegou a referir que havia “dezenas de milhares de vídeos” envolvendo Epstein e menores. E é aqui que está o problema: Trump não cumpriu a promessa e Bondi diz agora que não há lista nenhuma e deu o caso por encerrado. Mas o assunto não morreu e ganhou agora outra dimensão com a revolta do MAGA, o que pode constituir um duro golpe no apoio a Trump. Isto numa altura em que Musk parece determinado a fundar um novo partido, que os apoiantes do “Make America Great Again” podem ver com bons olhos.
Senador defende lista
O senador John Kennedy diz que é “compreensível que o povo norte-americano queira saber para quem Epstein traficou aquelas mulheres”. O mesmo pensa o presidente da Câmara dos Represen- tantes, o republicano Mike Johnson. “Devemos pôr tudo cá fora”, disse.
FBI em desacordo
O encerramento do caso Epstein abriu divisões no próprio FBI. O vice-diretor, Dan Bongino, entende que era preciso ir mais longe. Já o diretor da agência federal pensa o contrário e critica as “teorias da conspiração”. Com a ausência de mais informação regressaram as dúvidas sobre a morte Epstein. Oficialmente, suicidou-se na cela, mas nem todos estão convencidos.
O mistério da foto da mulher nua
O mistério em torno dos ficheiros secretos de Epstein renasceu após o divórcio entre Trump e Elon Musk. O dono da Tesla e da SpaceX aproveitou a sua rede social X para “lançar a bomba: Trump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles [os nomes que constam na lista de clientes] não foram tornados públicos”, escreveu. Musk apagou a publicação, Trump disse-lhe que estava a ficar “louco”. Mas Musk não deixou morrer o assunto e esta semana voltou à carga, insistindo que os nomes devem ser divulgados, “como prometido”. Certo é que o caso está a irritar Trump. Primeiro desvalorizou o assunto, depois apontou baterias aos “democratas da esquerda radical”, acusando-os de quererem ressuscitar “a farsa de Jeffrey Epstein” para esconder o “sucesso incrível” da sua administração, e acabou a criticar figuras do MAGA por estarem a fazer o jogo dos democratas. “Uns idiotas.” Ontem, dadas as proporções que o caso assumiu, cedeu à pressão e ordenou ao Departamento de Justiça que torne públicos “todos os depoimentos pertinentes”. Mas a questão de fundo mantém-se, uma vez que não está prevista a divulgação da lista de clientes de Epstein. Acresce à polémica um dado novo divulgado pelo ‘Wall Street Journal’: em 2003, Trump terá enviado a Epstein uma carta de aniversário “obscena”, com o desenho de uma mulher nua, feito à mão, onde estaria escrito: “Feliz aniversário - e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.” Faria parte de um álbum, feito pela namorada de Epstein, onde estariam outras cartas de teor semelhante de outras figuras próximas do multimilionário, poemas, fotografias, bilhetes de amigos. Trump já veio garantir que a história é falsa e que vai processar o jornal: “Nunca pintei um quadro na minha vida. Não desenho mulheres. (...) Aquelas não são as minhas palavras.”
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