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Alegorias gigantes marcam primeiro desfile das escolas de samba de São Paulo

Nos enredos dos sambas, África, grandes sucessos mundiais do cinema e críticas políticas e sociais deram o tom.

02 de março de 2019 às 17:58

O gigantismo de vários carros alegóricos deu o tom à primeira noite de desfiles das escolas de samba de São Paulo, que começou na noite de sexta-feira e só terminou na manhã deste sábado. Nos enredos dos sambas, África, grandes sucessos mundiais do cinema e críticas políticas e sociais deram o tom, e nem a chuva que caiu durante parte da noite fez esmorecer a animação dos passistas que desfilaram no Sambódromo do Anhembi nem do público que lotou as arquibancadas.

Um dos carros que mais chamou a atenção desfilou na apresentação da Académicos do Tatuapé, vencedora dos desfiles de Carnaval da capital paulista nos últimos dois anos e que tenta o tri. Com um enredo falando sobre guerreiros, a Académicos do Tatuapé levou para a passarelle do samba um gigantesco carro com 65 metros de comprimento, sobre o qual foi reproduzido uma edificação fortificada, uma espécie de castelo.

No desfile, a Tatuapé evocou guerreiros que fizeram história ao longo dos séculos, como samurais, guerreiros egípcios e vikings, por exemplo, mas também o que a escola chamou de guerreiros de hoje, entre eles trabalhadores submetidos a longas jornadas e mal remunerados como varredores de Rua, bombeiros, professores e mulheres, guerreiras de antes e de hoje com desafios cada vez maiores.

Uma dessas guerreiras, que mostrou a capacidade da mulher em se superar e desdobrar em várias facetas e actividades, foi Renata Spallicci, uma engenheira química e herdeira de uma grande indústria farmacêutica de São Paulo que venceu preconceitos e, paralelamente à carreira empresarial, depois de se sagrar vencedora no difícil mundo do fisiculturismo estreou este ano no Carnaval na Académicos do Tatuapé já como Musa da bateria, o grupo de mais de 200 ritmistas que dá o ritmo ao desfile.

Outro verdadeiro assombro de alegoria, este mais assustador, foi levado para a passarela do Anhembi pela escola de samba Colorado do Brás, que voltou ao grupo de elite depois de 25 anos. Com um enredo evocando e homenageando o Quénia e lendas e personagens históricas desse país africano, a Colorado do Brás fez desfilar uma gigantesca aranha cenográfica que na tradição africana desfiava histórias enquanto tecia a sua teia, e que tinha nada menos de 20 metros de comprimento e 11 de largura.

Outra escola que brilhou na primeira noite foi a Império da Casa Verde, que apresentou um enredo sobre a série de filmes da saga "Guerra nas Estrelas" mas evocou igualmente diversos outros grandes sucessos das telas com muito brilho e criatividade, entre eles "Piratas das Caraíbas", "Robocop", "Harry Potter" e "Avatar".

Também um dos destaques da primeira noite, a escola de samba Mancha Verde levou para a passarela a história da princesa africana Aqualtune, através da qual fez uma clara crítica social sobre a discriminação de negros e mulheres que vem da antiguidade até aos dias de hoje.

Crítica social também não faltou no desfile da Académicos do Tucuruvi, que falou sobre liberdade, enquanto a X-9 Paulistana emocionou o público ao desenvolver um enredo homenageando o sambista Arlindo Cruz, que desfilou no último carro amparado pela família e enfermeiros por ter sofrido um violento AVC dois anos atrás, e, finalmente, a Tom Maior foi buscar referências surrealistas a Nostradamus, personagens bíblicas e lendas ciganas para falar sobre as constantes interrogações do imaginário que cruzam séculos sem nunca serem totalmente respondidas.

Na segunda noite de desfiles em São Paulo, que começa no final da noite deste sábado e termina já com sol alto este domingo, vão apresentar-se na passarela do Anhembi outras sete escolas, Dragões da Real, Gaviões da Fiel, Mocidade Alegre, Rosas de Ouro, Vai-Vai, São Paulo e Águia de Ouro.

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