The Guardian dedica um artigo ao tema onde recorda vários episódios de violência e ressalva a ascenção do Chega no nosso País.
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Os ataques racistas da extrema-direita em Portugal merecem um destaque especial nas páginas da imprensa internacional desta segunda-feira. O jornal The Guardian dedica um artigo ao tema e recorda alguns episódios de violência racial que se passaram neste último ano no nosso país.
Um dos episódios mencionados é o que envolve Mamadou Ba, líder da SOS Racismo, que este verão recebeu uma carta ameaçadora onde os autores da mesma afirmavam que tinham o objetivo de "eliminar todos os estrangeiros e antifascistas" em Portugal, sendo o ativista um dos "alvos". Semanas depois, Mamadou figurava numa lista de figuras dirigentes associativas e políticas que receberam uma mensagem onde lhes era exigido que abandonassem Portugal, caso contrário, enfrentariam consequências, bem como a sua família.
O artigo recorda ainda o caso de Cláudia Simões, agredida por causa de um bilhete de autocarro na Amadora, os comentários racistas proferidos contra Marega durante um jogo do FC Porto contra o V. de Guimarães, e ainda o crime que culminou na morte do ator Bruno Candé, assassinado em plena luz do dia, numa rua movimentada de Moscavide.
Esta sucessão de acontecimentos levou a que a Rede Europeia contra o Racismo (ENAR) tenha apelado a uma "resposta institucional urgente". "Nos últimos meses, tem havido um aumento muito preocupante de ataques racistas de extrema-direita em Portugal, confirmado que as mensagens de ódio estão a alimentar táticas mais agressivas que visam os defensores dos direitos humanos das minorias raciais", alertou a organização.
O jornal britânico ressalva o facto de, só no ano de 2019, a Comissão Portuguesa para a Igualdade e Contra a Discriminação ter recebido 436 queixas de casos racistas, um aumento de 26% em relação ao ano anterior.
Na visão da ENAR, o aumento destes ataques passou a ser mais evidente desde outubro do ano passado, altura em que as eleições legislativas concederam a André Ventura, líder do Chega, um assento na Assembleia da República.
O The Guardian salienta que André Ventura é conhecido por ter ligações com outros grupos extremistas de direita e que já nomeou ex-membros de grupos neonazi para posições de liderança no seu partido. O jornal também não deixa passar em branco o facto de o deputado do Chega ter-se dirigido a Ana Gomes, sua rival nas eleições presidenciais do próximo ano, como a "candidata cigana". Ou ainda de quando o mesmo defendeu a redução drástica das comunidades muçulmanas na Europa.
"O Ventura está a crescer porque diz em público o que muitos portugueses pensam em privado mas não dizem. Está a dar voz a muita gente", afirma o politólogo António Costa Pinto em declarações ao jornal, acrescentado ainda que a agenda política do Chega é semelhante à de muitos outros partidos de extrema-direita em todo o Mundo – a luta contra as elites políticas típicas, a corrupção e o crime (muitas vezes personificado pelas comunidades afro-portuguesas e ciganas).
A publicação recorda ainda a contramanifestação organizada pelo Chega, em resposta ao protesto levado a cabo pela comunidade negra em Portugal, após a morte de Bruno Candé, no qual André Ventura e os seus seguidores seguravam faixas que diziam "Portugal não é racista".
Também o protesto do grupo que se intitulou "Resistência Nacional", no qual um grupo de nacionalistas se juntou em frente à sede da associação SOS Racismo com máscaras brancas e munidos de tochas para protestar contra o "racismo anti-nacional" foi mencionado pelo jornal.
Joacine Katar Moreira foi uma das intervenientes ouvidas pelos jornalistas do The Guardian, a quem disse nunca imaginar "tanta violência". "Existe uma enorme resistência quando falamos de racismo em Portugal porque as pessoas ficam ofendidas quando dizemos que estamos numa sociedade estruturalmente racista. Acham que os estamos a ofender individualmente", revelou a deputada independente que chegou a ouvir da boca de André Ventura para ir "para a sua terra".
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