"Louis" foi doador de esperma durante 20 anos, com três dádivas semanais.
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Louis é holandês, tem 68 anos e é um dos homens com mais descendência do mundo. Durante 20 anos, Louis deu esperam em três bancos diferentes. Fundação que acompanha o processo de descobrir os seus filhos diz que pode ter cerca de 1.000. Louis acredita que não serão mais de 200. Mas quer conhecê-los a todos.
O homem deslocava-se de bicicleta até ao banco de dadores de esperma, já com a carga na mochila. Preferia isso a ter de fazer a doação num dos três locais em que doava esperma.
À altura em que começou a doar esperma, Louis tinha 30 anos, trabalhava no balcão de um banco, não tinha namorada, família ou amigos próximos. Mas tinha uma preocupação na sua mente: "Quem se vai lembrar de mim quando morrer? Quem vai falar sobre mim e ser o meu herdeiro?", confessou ao jornal britânico The Guardian. "Eu acho que o nosso maior medo na vida não é morrer, mas sim ser esquecido", acrescentou.
E foram estes pensamentos que o levaram a começar a fazer doações de esperma. Assim, mesmo que não tivesse filhos da maneira "convencional", poderia doar esperma suficiente para que um dia fosse escolhida e acabasse a fecundar um óvulo e resultar numa criança que um dia o pudesse tentar encontrar. E por isso pensou num jogo de números: "Se eu tivesse 10 crianças desta maneira teria uma hipótese muito diminuída de sucesso. Mas e se fossem 100? Ou ainda mais?".
Louis cresceu com uma figura paternal algo distante, mas que almejou que o filho conseguisse uma boa posição social. "Quando tinha 21 anos, consegui um trabalho num banco, sentado atrás de uma máquina de escrever", explica Louis, acrescentando que o pai ficou aborrecido com esta decisão.
Os pais deste sexagenário separaram-se e Louis decidiu que nunca iria casar. E diz mesmo acreditar sofrer de uma espécie de autismo que dificulta a sua interação com outros.
Mas isso não o impediu de criar um plano para conseguir fazer o máximo de doações possíveis. Louis aproveitou a falta de limitações à altura na doação de esperma (hoje um dador está limitado a ser "usado" em 25 famílias, na Holanda). E, durante 20 anos, Louis fez três doações semanais, entre 1982 e 2002.
Os trabalhadores do banco poderiam estranhar a regularidade, mas precisavam de dadores. E ainda por cima uns com o currículo apresentado por Louis. Currículo esse, adulterado por uma das clínicas: "Dizia que eu tinha uma formação universitária, que era gerente de um banco e que não tinha interesse em conhecer os meus filhos", escondendo ainda a sua etnia - "negro e branco - descendente de escravos africanos e os seus donos".
A descoberta dos primeiros filhos
Joyce Curiere, atualmente com 34 anos, recorreu a um centro de ADN para procurar o seu pai biológico. E o mesmo fizeram outras 15 pessoas que partilhavam ADN com a envermeira. E todos forneceram amostras no mesmo laboratório onde Louis o tinha feito. E foi assim que Louis descobriu que tinha 15 filhos confirmados. Mas acredita que sejam bem mais. Cerca de 200 - "mais coisa, menos coisa" -, rejeitando os valores da fundação onde entregou o seu ADN que admite a possibilidade do sexagenário ter até 1.000 filhos. Os registos são complicados, mas de qualquer das formas, Louis será, certamente, um dos pais mais prolíferos do mundo.
Mas a descoberta dos primeiros filhos aconteceu ainda antes de Joyce. Louis estava a ver um programa de televisão chamado Wie Is Mijn Vader? (Quem é o meu pai?) onde apareciam dois gémeos chamados Maaike e Matthijs. Estes nomes não quereriam dizer nada se não fosse por uma "batotice". Em 1989 o homem tinha visto um documento com estes dois nomes e informações sobre o seu dador. E a descrição do dador era igual à sua. "Bolas, aqueles dois são meus! Está mesmo a acontecer", pensou o homem.
Louis enviou provas de ADN para o programa e foi informado que oito outras pessoas procuravam o mesmo pai. Desde então, o homem conheceu mais 40 dos 57 descendentes que confirmou serem seus.
Os problemas da revelação
O primeiro problema surgiu quando esta história se foi tornando mais pública. Uma mulher ficou chateada por saber que o seu doador era de uma etnia mista. A filha de Louis, Joyce, contou ao The Guardian, que um grupo neo-Nazi ameaçou "ir atrás de Louis".
Louis ainda hoje teme algumas ameaças, razão pela qual optou por dar um nome falso.
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