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Coronavírus instala-se no maior campo de refugiados rohingya no Bangladesh

ONG's alertam para potencial desastre humanitário se houver um surto significativo. Área alberga mais de um milhão de pessoas.

16 de maio de 2020 às 08:40

O novo coronavírus foi detetado num campo a sul de Bangladesh que abriga mais de um milhão de refugiados rohingya. A informação foi divulgada pelas autoridades na passada quinta-feira. Os grupos humanitários lançaram o alerta para o perigo da propagação da doença no local.

Um refugiado rohingya e outra pessoa testaram positivo para a Covid-19. Foram os primeiros casos confirmados neste tipo de campos.

"Foram levados para um centro de isolamento depois de terem resultados positivos", disse à Agência Reuters, Mahbub Alam Talukder, comissário de ajuda e repatriamento de refugiados.

O segundo paciente era da "população hospedeira", um termo geralmente utilizado para designar os residentes locais fora dos campos, disse a porta-voz da ONU.

As infeções por coronavírus têm vindo a ganhar ritmo nos últimos dias no Bangladesh, que registou 18.863 casos e 283 mortes por coronavírus. Os responsáveis humanitários alertaram para um potencial desastre humanitário se houver um surto significativo nos campos de refugiados nos arredores de Cox's Bazar.

O Dr. Shamim Jahan, diretor de saúde da Save the Children em Bangladesh, anunciou num comunicado que o vírus já estava a dominar o país. "Estima-se que existam apenas 2.000 ventiladores em todo o Bangladesh, atendendo a uma população de 160 milhões de pessoas. Nos campos de refugiados de Rohingya - que abrigam quase um milhão de pessoas -, não há camas nos cuidados intensivos neste momento", referiu.

"Agora que o vírus entrou no maior campo de refugiados do mundo no Cox's Bazar, estamos a analisar a perspetiva real de que milhares de pessoas podem morrer de Covid-19. A pandemia pode atrasar Bangladesh em décadas", relembrou Jahan.

As instalações de saúde têm falta de pessoal e espaço, enquanto as pessoas nos campos não têm água e sabão ou espaço suficiente para se protegerem, disse Manish Agrawal, diretor nacional do Comitê Internacional de Resgate do Bangladesh.Mais de 730 mil rohingya chegaram de Myanmar no final de 2017, depois de fugirem de uma repressão militar. O Governo de Myanmar está acusado de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, por causa da violência exercida contra os rohingya. O exército nega o genocídio e diz que estava a travar uma batalha legítima contra os militantes rohingya que atacaram primeiro.

"Aqui há entre 40 a 70 mil pessoas a viver por quilómetro quadrado. É, pelo menos 1,6 vezes a densidade populacional a bordo do navio Diamond Princess, onde a doença se espalhou quatro vezes mais rápido que em Wuhan, no auge do surto", recordou.

Agrawal sublinhou que "sem esforços para aumentar o acesso à saúde, melhorar o saneamento, isolar casos suspeitos e descongestionar o campo, a doença devastará os refugiados e a população local, onde há um padrão de vida muito mais baixo e uma taxa maior de doenças existentes que tornam os refugiados mais suscetíveis ao vírus ".

Mais de 730 mil rohingya chegaram de Myanmar no final de 2017, depois de fugirem de uma repressão militar. O Governo de Myanmar está acusado de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, por causa da violência exercida contra os rohingya. O exército nega o genocídio e diz que estava a travar uma batalha legítima contra os militantes rohingya que atacaram primeiro.

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