Presidente tenta distanciar-se do escândalo de corrupção.
Numa estratégia que teve efeito contrário ao esperado, pois reforçou as críticas de adversários, a presidente Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores (PT) ignoraram a prisão do ex-ministro José Dirceu, na segunda-feira. Nem a presidente nem o partido de que Dirceu é um dos líderes mais importantes tocaram no assunto, como se o gravíssimo facto simplesmente não tivesse ocorrido.
Horas após a prisão do ex-braço direito de Lula da Silva e membro da direção do PT, o partido emitiu um comunicado. Nele são negada mais uma vez a participação em irregularidades e repudiadas afirmações do Ministério Público de que a corrupção na Petrobras se sistematizou a partir do primeiro governo do ex-presidente e favoreceu o PT com milhões, mas o comunicado omite a detenção de Dirceu. Dilma seguiu a mesma linha e, nos diversos eventos a que compareceu, inclusive um animado churrasco no Palácio da Alvorada com líderes aliados, não citou a prisão de Dirceu, que, como ela, participou na luta armada e viveu na clandestinidade durante o regime militar. No Congresso Nacional, o tema maior das conversas de bastidores é a detenção de Dirceu, que foi deputado em várias legislaturas. Contudo, publicamente, os poucos líderes do PT que falaram limitaram-se a negar a implicação do partido, tendo o cuidado de não referir o ex-ministro.
A estratégia parece ser fingir que nada aconteceu, para mostrar que governo e PT nada têm a ver com a corrupção. Mas o silêncio reforçou a oposição, que, mesmo com o esforço de Dilma para se distanciar, redobrou os pedidos para que ela renuncie ao cargo ou seja afastada dele.
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