Depois de ter realizado sessões de aconselhamento, assume que o desejo provinha de se sentir aceite e chamar a atenção.
Um homem descreveu ao Daily Mail na primeira pessoa a experiência de viver viciado em sexo. Começa por contar que tem uma doença crónica e destrutiva, exatamente igual à dos viciados em álcool, drogas, comida, jogo ou roubo, mas que está a tratar-se.
"A minha dependência causou estragos nas minhas relações, na minha autoestima e no meu bem-estar mental. No entanto, é um vício que estou finalmente a aprender a dominar. Só quando me sentei na terapia de casal com a minha ex-mulher, Júlia, há sete anos, é que compreendi o preço que o meu comportamento lhe tinha causado", afirma.
Foi na primeira sessão de aconselhamento, num dia de verão de 2017, que a ex-companheira soluçou ao falar abertamente sobre como o casamento de quatro anos que a tinha feito sentir-se inútil, como se tinha esforçado por acompanhar exigências exaustivas de sexo até cinco vezes por dia, e como tinha dúvidas sobre si própria como esposa quando o marido ainda não se sentia satisfeito e insistia para ver pornografia.
"A verdade é que ela não sabia nem metade. Todos aqueles passeios noturnos quando eu não conseguia dormir? Eu andava a visitar prostitutas ou a engatar estranhos em bares. Quando dissemos os nossos votos de casamento num hotel rural em 2013 - cinco anos depois do nosso primeiro encontro - calculo que já tinha dormido com mais de 300 mulheres nas costas da Julia".
Fazia um teste caseiro de doenças sexualmente transmissíveis todas as sextas-feiras, porque normalmente era infiel durante a semana, quando estava a trabalhar ou em viagens de negócios e porque sabia que tinha mais sexo com a mulher aos fins-de-semana.
Para este homem, a maneira mais fácil de descrever o que é ser viciado em sexo é pensar em sexo a toda a hora mesmo que de forma inconsciente. "Aquele abraço no sofá fazia-me desejar automaticamente o sexo. Tal como dar as mãos - ou passar por uma mulher atraente na rua".
"Nada mais importa para além de satisfazer esse desejo sexual, o que por vezes pode significar dez minutos a ver pornografia sozinho e a masturbar-me. Já disse inúmeras vezes a colegas ou amigos: "Desculpem, vou só à casa de banho". É uma forma de fazer um reset, tal como um fumador pode sair para fumar um cigarro", explica.
Após refletir sobre si próprio, assume ser viciado em sexo desde os 20 anos. "Para mim, o sexo tinha começado de forma bastante normal. Perdi a minha virgindade aos 15 anos com o meu amor de infância. Éramos apenas dois adolescentes apaixonados e luxuriosos que faziam sexo sempre que podiam."
O sexo não era um assunto de que falasse com meus pais, que trabalhavam ambos no setor bancário, e até sentia um constrangimento sempre que havia uma cena de sexo na televisão. Mesmo assim, decidiu contar aos pais quando ia ter relações sexuais pela primeira vez.
"Ficaram muito desconfortáveis e sentei-me nas escadas para escutar a conversa que tiveram depois. Foi então que ouvi o meu pai brincar: "Espero que ele seja bem dotado". Esse comentário enviou-me a mensagem de que, para o meu pai, o sexo tinha tudo a ver com o desempenho de um homem - e eu propus-me a ter um bom desempenho.
Após o término de relação com a namorada de infância assim que saíram da escola, decidiu que era altura de experimentar sexo com mulheres diferentes na universidade.
Dias depois, dormiu com alguém depois de uma saída à noite. Surpreendido com a facilidade com que levou a pessoa para a cama, começou um concurso com o melhor amigo para ver quem conseguia dormir com mais mulheres. "Não havia prazo e agora tenho quase a certeza de que foi aí que o meu vício se enraizou".
"A partir desse momento, onde quer que fosse, estava concentrado em engatar uma mulher. O facto de me sentir atraído por ela era irrelevante, o sexo era tudo o que contava e eu não pensava em ter três mulheres num sábado à noite. Nunca encarei o meu comportamento como um problema. Encarei-o como um rito de passagem de um jovem solteiro".
Tinha um grande respeito por Júlia e não insistia se não estivesse disposta. Em vez disso, consumia grandes quantidades de pornografia enquanto a mulher dormia. "Depois havia a minha coleção de brinquedos sexuais, incluindo bonecas sexuais caras. Quando isso se tornava aborrecido, arranjava-me online para ter sexo com outras mulheres. Viajar regularmente para o Reino Unido e o estrangeiro em trabalho facilitava as coisas. Não precisava de um quarto de hotel luxuoso - o meu carro ou qualquer casa de banho pública serviam".
Depois de estarem casados há cerca de dois anos, Júlia confrontou-o com a sua obsessão por pornografia e sexo violento, mas o marido ignorou, dizendo-lhe que todos os amigos faziam o mesmo.
Depois de descobrir que o marido a traía com uma amiga de um amigo, decidiram fazer terapia de casal para salvar o casamento. "Quando a Julia pediu o divórcio, eu carreguei no botão de autodestruição, dormindo com mais de dez mulheres por semana. Por esta altura, estava a tornar-se mais claro para mim que precisava de ajuda".
Em 2021 conheceu a sua atual namorada Natsha. Apesar de terem feito sexo na noite em que se conheceram, no dia seguinte preparou-lhe um brunch e decidiu contar-lhe o problema que tinha.
"A reação dela chocou-me completamente. A mãe dela tinha sido alcoólica, por isso tem um conhecimento profundo da dependência e conseguiu separar o meu verdadeiro eu, amoroso e carinhoso, do homem com uma necessidade doentia de sexo".
Depois de muita pesquisa, alguns meses mais tarde procurou um especialista que diagnosticou-lhe um comportamento sexual compulsivo. "O alívio foi como uma pedra a sair do meu peito. Pela primeira vez, apercebi-me de que não era um ser humano horrível. Estava doente com um vício que não conseguia controlar".
Já gastou gastou mais de 10.000 dólares (cerca de 11 mil euros) em tratamentos e com a orientação da sua terapeuta sexual nos últimos anos, tornou-se um trabalho a tempo inteiro gerir o seu desejo. "A coisa mais valiosa que ela me ensinou é que não sou uma pessoa má. Estou a sofrer de um vício que me leva a fazer coisas terríveis. Mentalmente, consigo agora separar as duas coisas".
"Ajudou-me a perceber que a minha dependência não tem a ver com sexo, mas sim com o desejo de me sentir aceite e de chamar a atenção", disse.
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