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Ex-líder da missão de treino em Moçambique alerta que guerra continua apesar da morte de líder terrorista

"Vitória numa batalha não é a vitória na guerra", declarou Rogério Paulo Figueira Martins de Brito.

15 de setembro de 2023 às 23:23

O responsável cessante da Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ, sigla em inglês) classificou esta sexta-feira a morte, em agosto, do "líder dos terroristas" como uma vitória, alertando, contudo, que a guerra em Cabo Delgado continua.

"É de facto uma vitória. Mas a vitória numa batalha não é a vitória na guerra", declarou Rogério Paulo Figueira Martins de Brito, falando à comunicação social momentos após cessar funções como líder da EUTM-MOZ em cerimónia oficial em Maputo.

Em 25 de agosto, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, Joaquim Rivas Mangrasse, anunciou que o líder do terrorismo no país, o moçambicano Bonomade Machude Omar, tinha sido eliminado, juntamente com outros elementos da liderança do grupo terrorista.

Para Rogério Paulo Figueira Martins de Brito, apesar desta "vitória", as Forças Armadas moçambicanas devem continuar a trabalhar, num processo que deve ser acompanhado por mais investimentos para travar a insurgência no norte de Moçambique.

 "É necessário continuar a trabalhar, continuar a treinar, continuar a preparar as forças e continuar a reequipá-las", frisou Rogério Paulo Figueira Martins de Brito.

Para o militar português, no terreno, o exército tem mostrado forte evolução no que diz respeito, sobretudo, às operações conjuntas e combinadas, mas o combate ao terrorismo leva tempo.

"Neste momento a iniciativa está do lado do exército moçambicano que, com os seus parceiros, tem estado a fazer uma campanha, que tem naturalmente momentos bons e momentos maus, mas cujo resultado é extremamente positivo", frisou.

Bonomade Machude, considerado o líder do grupo radical Estado Islâmico em Moçambique, foi visado pela segunda fase da denominada operação "Golpe Duro II" do exército moçambicano.

O líder extremista era descrito por vários especialistas como "uma simbiose entre brutalidade e justiceiro", constando da lista de "terroristas globais" dos Estados Unidos e alvo de sanções da União Europeia.

Em agosto de 2021, os Estados Unidos da América incluíram Bonomade Machude Omar, também conhecido como Abu Sulayfa Muhammad e Ibn Omar, na lista de "Terroristas Globais Especialmente Designados (SDGT)".

A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o registo de conflitos, ACLED.

 Na liderança da EUTM-MOZ, o comodoro fuzileiro Rogério Paulo Figueira Martins de Brito foi substituído pelo também português brigadeiro-general João Carlos de Bastos Jorge Gonçalves, antigo piloto de F-16 da Força Aérea Portuguesa (FAP), numa cerimónia que contou com as presenças do secretário de Estado da Defesa de Portugal, Carlos Pires, e do chefe de Estado major-general de Moçambique, que não prestaram declarações à comunicação social.

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