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Falta de água reduz exportação de energia elétrica por Moçambique

Produção nos parques solares em Moçambique deverá recuar 5,8%, para 95,5 GWh este ano, segundo o mesmo documento.

29 de setembro de 2025 às 08:22

A receita da exportação de energia elétrica por Moçambique recuou 34% até março, para 104,3 milhões de dólares (88,8 milhões de euros), devido à falta de água na bacia do Zambeze, segundo dados oficiais.

De acordo com informação do banco central com dados estatísticos das exportações moçambicanas no primeiro trimestre, este registo compara com os 158,6 milhões de dólares (135 milhões de euros) no mesmo período de 2024.

"A queda na receita deste produto deveu-se à interrupção na oferta de energia, causada pelas restrições na disponibilidade de água no rio Zambeze, bem como aos trabalhos de manutenção realizados num dos principais fornecedores", refere o documento do Banco de Moçambique, aludindo à Hidroelétrica de Cahora Bassa, uma das maiores barragens em África e que garante quase 80% da produção elétrica nacional.

A Lusa noticiou em maio que a produção de eletricidade em Moçambique deverá cair 1,3% no ano de 2025, devido a trabalhos de manutenção na HCB.

Segundo dados oficiais do Governo, com estimativas para 2025, está previsto "um decréscimo na produção de eletricidade de cerca de 1,3%, influenciado pela necessidade de manutenção de geradores e a redução do ciclo hidrológico" na HCB, "que representa cerca de 78,7% na estrutura de produção e exportação".

Desta forma, Moçambique deverá produzir este ano 19.197,8 GigaWatt-hora (GWh) de energia elétrica, sendo 15.504,4 GWh garantidos pela HCB, na província de Tete, centro do país, neste caso uma redução de 4,1% face a 2024 e o valor mais baixo em quatro anos.

Globalmente, a produção de energia elétrica a partir de fontes hídricas, incluindo a barragem em Cahora Bassa, deverá recuar 4,1% este ano, enquanto a produção de energia elétrica pelas centrais térmicas deverá aumentar 17,6%, quase metade na central CTRG, a gás natural, que deverá garantir 1.196,3 GWh em 2025, mais 7,4% face a 2024.

A produção nos parques solares em Moçambique deverá recuar 5,8%, para 95,5 GWh este ano, segundo o mesmo documento.

A HCB é uma sociedade anónima de direito privado, detida em 85% pela estatal Companhia Elétrica do Zambeze e pela portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) em 7,5%, possuindo a empresa 3,5% de ações próprias, enquanto os restantes 4% estão nas mãos de cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.

A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros, contando com quase 800 trabalhadores, sendo uma das maiores produtoras de eletricidade na região austral africana, abastecendo os países vizinhos.

A barragem está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, durante o período colonial português, seguindo-se o enchimento da albufeira. A operação comercial teve início em 1977, com a transmissão dos primeiros 960 MegaWatts (MW), produzidos por três geradores, face à atual capacidade instalada de 2.075 MW.

A HCB prevê já a reativação do projeto da nova central, a norte, face à crescente demanda de eletricidade na região.

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