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Filho de Bolsonaro abre crise no governo brasileiro e ministro pode cair

A crise foi despoletada por Carlos Bolsonaro que interfere rotineiramente nas decisões do pai presidente.

14 de fevereiro de 2019 às 17:14

A intempestiva intervenção de um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro abriu uma grave crise no governo brasileiro e pode levar à demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. A crise foi despoletada por Carlos Bolsonaro, que, apesar de ser apenas um apagado vereador na cidade do Rio de Janeiro interfere rotineiramente nas decisões do pai presidente.

Carlos chamou publicamente Bebianno de "mentiroso absoluto", e chegou ao ponto de publicar na sua rede social o áudio de um telefonema do pai para o ministro supostamente para provar que o presidente cortou relações com aquele membro do governo. Mais tarde, na noite desta quarta-feira, o próprio Jair Bolsonaro pareceu endossar a atitude intempestiva do filho e partilhou na sua rede social o mesmo áudio, em que recusa conversar com o ministro por nessa altura ainda estar internado após uma cirurgia e alegadamente ainda não estar totalmente recuperado.

Esta quinta-feira, Gustavo Bebianno não foi trabalhar no Palácio Presidencial, onde tem o seu gabinete, e cancelou a agenda. O ministro garantiu em curtas declarações que não pensa demitir-se e que essa decisão tem de ser tomada, se for o caso, pelo próprio Jair Bolsonaro, que foi quem o nomeou.

O problema todo começou com o surgimento de denúncias avançando que o PSL, o partido de Jair Bolsonaro, criou nas eleições de outubro passado candidatas fictícias para receber avultadas verbas públicas para campanhas, que, na verdade, não ocorreram. Bebianno era nessa altura presidente nacional do PSL e, nessa condição, foi ele quem autorizou o pagamento das verbas às supostas candidatas. No entanto, o ministro nega qualquer irregularidade da sua parte, pois, defende-se, quem escolhe os candidatos e solicita dinheiro para as campanhas são as direcções regionais do partido, a ele só cabia providenciar os recursos solicitados.

As denúncias são graves mas, avaliam aliados de Bolsonaro, incluindo llíderes do seu próprio partido, não teriam chegado ao ponto a que chegaram não fosse o poder que dá aos filhos e a forma agressiva como normalmente agem. Esses aliados consideram que o presidente devia ter chamado Bebianno para se explicar e mandado a Polícia Federal apurar a veracidade das denúncias, ao invés de permitir a intervenção de Carlos, que incendiou o mundo político num momento em que o governo precisa de todo o apoio no Congresso para aprovar medidas impopulares.

Gustavo Bebiano não é um ministro qualquer. Como presidente do PSL durante a campanha eleitoral, foi um dos maiores responsáveis pela eleição do até então quase desconhecido Jair Bolsonaro, desdobrou-se nas mais diversas funções e as provas de capacidade e lealdade fizeram o presidente, ao tomar posse, nomeá-lo e dar-lhe espaço no palácio presidencial, bem perto de si.

Outras intervenções intempestivas de Carlos e dos irmãos, Eduardo Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, já criaram problemas ao pai e ao governo e têm dificultado muito a formação de uma base de apoio parlamentar. Ministros, principalmente os militares, têm pressionado o presidente para que ele impeça essas intervenções desastrosas dos filhos, mas Bolsonaro em todas as ocasiões em que ocorreram ou as minimizou, dizendo serem arroubos da juventude, ou endossou-as, como no presente caso.

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