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França exige acesso da imprensa a Gaza "para mostrar" a situação

Na segunda-feira, vinte e cinco países, incluindo a França, o Reino Unido, o Canadá e o Japão, apelaram ao fim imediato da guerra na Faixa de Gaza.

22 de julho de 2025 às 12:43

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, exigiu esta terça-feira que a imprensa "possa aceder a Gaza para mostrar" o que se passa no território, em risco de fome após 21 meses de guerra, segundo a ONU.

A França pede um "cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns do Hamas, que deve ser agora desarmado, e o acesso sem entraves da ajuda humanitária a Gaza", disse o ministro francês à rádio France Inter a partir do leste da Ucrânia, onde está em visita oficial.

Jean-Noël Barrot condenou ainda "com a maior firmeza" a expansão da ofensiva israelita em Gaza iniciada na segunda-feira, "que vai agravar uma situação já catastrófica".

"Já não há qualquer justificação para as operações militares do exército israelita em Gaza. Trata-se de uma ofensiva que vai agravar uma situação já catastrófica e provocar novos deslocamentos forçados de populações, que condenamos com a maior firmeza", acrescentou.

Na segunda-feira, vinte e cinco países, incluindo a França, o Reino Unido, o Canadá e o Japão, apelaram ao fim imediato da guerra na Faixa de Gaza, sitiada por Israel, numa declaração conjunta.

Questionado sobre a situação de vários colaboradores da agência noticiosa France-Presse no local, que se encontram numa "situação horrível", segundo a direção da agência, o ministro francês referiu que têm "esperança de conseguir retirar alguns colaboradores de jornalistas nas próximas semanas", estando "a dedicar muitos esforços e energia para isso".

"Há meses que assistimos, impotentes, à deterioração dramática das suas condições de vida. A situação é hoje insustentável, apesar de um exemplo notável de coragem, profissionalismo e resiliência", indicou na segunda-feira um comunicado da AFP, enquanto a Sociedade dos Jornalistas (SDJ) alertou para o risco de os "ver morrer".

A Organização das Nações Unidas (ONU) e várias organizações não-governamentais relatam regularmente o risco de fome generalizada no território palestiniano após mais de 21 meses de conflito, iniciado por um ataque sem precedentes do movimento Hamas em solo israelita a 07 de outubro de 2023.

"Desde que a AFP foi fundada, em agosto de 1944, perdemos jornalistas em conflitos, tivemos feridos e prisioneiros entre nós, mas nenhum de nós se lembra de ver um colaborador morrer à fome", destacou a SDJ.

Para a comissária europeia responsável pela gestão de crises, Hadja Lahbib, "Israel deve permitir que a imprensa faça o seu trabalho", defendendo que "os jornalistas e os civis não podem, nem devem, ser alvos" e que "a liberdade de imprensa e o direito a informar" são pilares das democracias.

Israel acusa o grupo islamita palestiniano Hamas de explorar o sofrimento da população de Gaza e de ser "o único responsável pela continuação da guerra".

"Em vez de aceitar um cessar-fogo, o Hamas conduz uma campanha de propaganda mentirosa sobre Israel. Ao mesmo tempo, age deliberadamente para agravar as tensões e prejudicar os civis que procuram ajuda humanitária", escreveu na segunda-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, na rede social X.

O exército israelita alargou na segunda-feira a sua ofensiva a uma nova zona da Faixa de Gaza, em Deir al-Balah, no centro do território palestiniano, e pretende intervir em áreas onde nunca tinha estado durante os 21 meses de guerra contra o Hamas, tendo ordenado aos residentes que evacuassem o local.

A Defesa Civil de Gaza anunciou que os bombardeamentos israelitas provocaram esta terça-feira 15 mortos.

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