Denúncia foi feita por organizações de Direitos Humanos e movimentos de indígenas.
O governo do presidente Jair Bolsonaro foi denunciado esta quarta-feira ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, Organização das Nações Unidas, em Genebra, na Suíça, por, segundo os autores da denúncia, estar a direcionar a investigação sobre as mortes do pesquisador brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês do The Guardian Dom Philips, assassinados a tiro no passado dia 5 no Vale do Javari, uma região remota da Amazónia. A denúncia, lida presencialmente em Genebra pelo advogado de uma das entidades, foi feita por organizações de Direitos Humanos e movimentos de indígenas.
De acordo com a denúncia, há uma clara orquestação das autoridades brasileiras para que a Polícia Federal, diretamente subordinada ao Ministério da Justiça e na qual o presidente Jair Bolsonaro tem uma influência pessoal directa, conduza a investigação de forma a isentar o presidente, o governo e os órgãos federais ligados ao Ambiente e às questões indígenas. Para essas entidades, da mesma forma que para boa parte da imprensa brasileira, há uma preocupação muito grande do governo em tentar fazer parecer que as mortes do maior especialista brasileiro em povos isolados e do jornalista inglês, que há muito denunciava a devastação na floresta, foi uma mera rixa entre os dois e alguns pescadores ilegais locais irritados com as críticas deles às suas actividades.
Uma prova desse direcionamento indicada pelas entidades que fizeram a denúncia foi a precipitação da cúpula da Polícia Federal de emitir um comunicado somente dois dias depois de os corpos terem sido localizados e de os assassinos terem confessado os crimes, rejeitando a hipótese de ter havido um mandante ou de as mortes terem sido um crime político ou consequência do trabalho e das denúncias públicas de Bruno e de Dom. Ante o clamor de repúdio a essa conclusão, feita mesmo antes de peritagem médica aos corpos e de ter sido feita uma investigação aprofundada, a Polícia Federal teve de recuar e vir a público de novo, agora para informar que, afinal, a apuração dos casos ia continuar.
Esta semana, outra fonte do governo federal, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, também veio a público minimizar as brutais mortes e tentar reduzi-las a uma desavença ocasional entre Bruno e os pescadores, que, avançou o presidente, provavelmente estavam bêbados pois aos domingos (os crimes foram praticados num domingo) eles não trabalham e costumam beber muito. Mourão ignorou completamente o facto de os assassínios terem ocorrido pouco depois das sete da manhã, horário pouco provável para alguém já estar embriagado, e ainda o facto de o principal suspeito das mortes, o pescador Amarildo Costa Oliveira, já preso, há muito ameaçar matar Bruno por este denunciar a actividade predatória que praticava.
Bruno e Dom foram executados com tiros de caçadeira por Amarildo e por outro pescador, Jeferson Silva Lima, que já confessaram os homicídios, e, segundo a Polícia Federal, por um irmão de Amarildo, Oseney Costa Oliveira, também já preso mas que nega tudo, e ainda outros cinco suspeitos em liberdade. As duas vítimas, cujos restos mortais foram localizados dia 15 enterrados numa margem do Rio Itaquari, perto de onde foram mortas, e identificadas no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, tinham ido ao Vale do Javari ouvir indígenas que queriam denunciar invasores armados que actuam na região e devastam a floresta procurando ouro, derrubando árvores e pescando os grandes e valiosos peixes da região de forma predatória e em áreas de preservação.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.