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Governo britânico defende BBC como "instituição nacional" e "de todos"

"A BBC não é simplesmente uma estação televisiva, é uma instituição nacional que pertence a todos nós", afirmou a ministra da Cultura.

11 de novembro de 2025 às 19:55

O Governo britânico defendeu esta terça-feira no parlamento a televisão pública BBC, perante uma das suas piores crises, após a demissão de dois diretores e a ameaça de um processo multimilionário pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

A firme defesa da BBC foi protagonizada pela ministra da Cultura, Lisa Nandy, numa sessão parlamentar de perguntas e respostas sobre o assunto.

"A BBC não é simplesmente uma estação televisiva, é uma instituição nacional que pertence a todos nós", afirmou Nandy.

"É, de longe, a fonte de notícias mais utilizada e fiável no Reino Unido, numa altura em que as fronteiras entre factos e opinião, entre notícias e polémicas, são cada vez mais ténues. É um farol de esperança para as pessoas aqui e em todo o mundo", sustentou.

Além disso, recordou que a radiotelevisão pública britânica "é independente do Governo", embora nesta crise, o executivo do primeiro-ministro, Keir Starmer, "tenha trabalhado em estreita colaboração com a BBC".

Embora tenha reconhecido a existência de problemas graves que suscitavam preocupação, não os nomeou, nem mencionou o Presidente dos Estados Unidos, e dedicou a maior parte do seu discurso e das respostas aos deputados da oposição à defesa do papel da estação e do trabalho dos dois diretores que se demitiram.

A crise mais grave da BBC nos últimos anos ocorreu no passado domingo, com a demissão do seu diretor-geral, Tim Davie, e da sua diretora de informação, Deborah Turness, após a divulgação de um relatório interno que revelou que um programa emitido no verão passado tinha editado seletivamente um discurso de Donald Trump para dar a impressão de que este tinha incitado explicitamente à invasão do Capitólio (sede do Congresso norte-americano) nos distúrbios de janeiro de 2021.

Embora o Presidente norte-americano se tenha congratulado com as demissões, na segunda-feira enviou uma carta à BBC ameaçando processá-la por, pelo menos, mil milhões de dólares, caso a estação não cumpra três condições até sexta-feira à tarde: "O desmentido imediato, completo e justo" do programa, a emissão de um pedido de desculpas público e o pagamento de uma indemnização pelos danos causados.

Até ao momento, nenhuma das três condições foi cumprida, não sendo claro se o serão.

O Governo trabalhista de Keir Starmer mantém uma relação cordial com o executivo dos Estados Unidos, apesar das diferenças ideológicas, e esta polémica envolvendo a BBC serve apenas para tornar mais tensas as relações já fragilizadas por outros aliados do Presidente norte-americano, como o magnata Elon Musk, que não esconde uma certa fixação pelos problemas do Reino Unido.

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