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Herói fez frente ao terrorista da Nova Zelândia

Afegão Abdul Aziz, de 48 anos, travou o terrorista durante o ataque à segunda mesquita de Christchurch.

17 de março de 2019 às 10:14

Um afegão de 48 anos impediu o supremacista branco Brenton Tarrant, de 28 anos, de massacrar mais pessoas durante o ataque de sexta-feira a duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia. Abdul Aziz, de 48 anos, fez frente ao terrorista quando este atacou a segunda mesquita, no bairro de Linwood, e acabou por forçá-lo a fugir.

Aziz tinha os dois filhos menores, de onze e de cinco anos, no interior da mesquita. Quando o terrorista chegou ao local e começou a disparar, o afegão diz ter corrido para o exterior a gritar, para atrair as atenções do atirador. Tarrant alvejou-o mas não conseguiu atingi-lo, pois escondeu-se atrás de carros. Quando o terrorista voltou ao seu carro para buscar uma nova arma, Aziz diz ter pegado na primeira, que Tarrant largou. Ainda tentou disparar, diz, mas a arma não tinha munições.

"Peguei na arma e atirei-a contra a janela, como uma flecha, e a janela partiu-se", contou, dizendo que nessa altura o terrorista assustou-se. Respondeu com insultos e ameaças mas fugiu.

Aziz não se considera herói, mas a verdade é que a sua intervenção evitou mais mortes. Tarrant tinha deixado 41 cadáveres na mesquita Al-Noor quando chegou a Linwood, onde queria repetir o massacre. Mas, graças a Aziz, o segundo ataque fez apenas oito mortos e alguns feridos.

Natural de Cabul, Aziz conta ter deixado o Afeganistão ainda criança, como refugiado. Viveu 25 anos na Austrália e há dois anos mudou-se para a Nova Zelândia, de que diz gostar muito.

O ato heroico foi reconhecido pelo imã Latef Alabi, da mesquita de Linwood. "Correu atrás dele [do terrorista] e conseguiu dominá-lo e foi assim que fomos salvos", afirmou, assegurando que a intervenção de Aziz impediu Tarrant de entrar na mesquita: "Se tivesse entrado talvez estivéssemos todos mortos".

Terrorista sorri em tribunal e faz saudação racista

O autor do massacre em duas mesquitas da Nova Zelândia foi a tribunal para ser formalmente acusado de homicídio. Brenton Tarrant, de 28 anos, sorriu durante a breve audiência e, apesar das algemas, fez com as duas mãos um gesto interpretado como sendo uma saudação supremacista branca.

Os rostos das vítimas do massacre

Começaram este sábado a ser divulgados os nomes e as fotos de algumas das 49 vítimas mortais do ataque terrorista na Nova Zelândia. Um dos mortos foi Mucad Ibrahim, de apenas três anos, que estava na mesquita Al-Noor com o irmão mais velho, que terá escapado ao fingir-se morto. Outros dois rostos de vítimas divulgados este sábado são os de Daoud Nabi, de 71 anos, e Naeem Rashid, de 50.

Nabi escapou do Afeganistão com a família nos anos 80, para escapar à invasão das tropas soviéticas. Era engenheiro e presidente de uma associação de apoio a imigrantes. Rashid era paquistanês e professor em Christchurch. No vídeo pode ver-se que ele foi um dos que tentaram travar o terrorista na mesquita Al-Noor. Foi levado ainda vivo para o hospital, onde veio a morrer pouco depois.

PORMENORES

Segundo suspeito acusado

Além de Tarrant, o jovem de 18 anos Daniel John Burrough, outro dos três suspeitos detidos, foi acusado de incitar ao ódio, mas não foi a tribunal.

Turquia investiga

A Turquia está a investigar as visitas de Brenton Tarrant ao país. Procura saber quem contactou numa estadia prolongada em 2016. A Bulgária também investiga a sua presença no país, no final de 2018, quando visitou toda a região dos Balcãs.

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