Jovem de 18 anos foi obrigado a usar roupas femininas para poder casar com o amado.
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Roy Singh, um homem homossexual de nacionalidade britânica, pensou que estava a viver o sonho da sua vida quando o namorado o pediu em casamento. Mas não foi bem assim: o jovem foi ‘forçado’ pelos sogros a vestir-se de mulher no dia do casamento e continuar a fingir sê-lo nos meses seguintes, uma vez que estes não queriam que a restante família soubesse que o filho era gay. Isto porque os familiares do noivo, de origem indiana, pertenciam à religião monoteísta do siquismo, que não aceita a homossexualidade.
Em declarações ao jornal The Mirror, Roy confessou que estava tão apaixonado na altura que acabou por aceitar as condições. Tinha apenas 18 anos. No entanto, aquele que era o seu maior desejo acabou por se converter no seu maior pesadelo, depois de meses a fio a ter de usar peruca e saltos altos.
Hoje em dia, com 29 anos, Roy arrepende-se de o ter feito e recorda a depressão com que ficou por ter cedido ao pedido. "Quando começámos a namorar foi em segredo porque ele já temia a reacção da família por sermos gays. Quando me pediu em casamento fiquei nas nuvens mas o pior estava para vir", conta.
O jovem foi contactado pela futura sogra, que quis marcar um encontro com ele. "Disse-me que eu era muito bonito e que o filho tinha escolhido bem. Mas logo a seguir explicou-me que pertenciam a uma grande família indiana com valores muito vincados e que por isso se me queria casar teria de me disfarçar de mulher e manter a mentira durante uns tempos", conta.
Em choque, o jovem acabou por aceitar. "Ela já trazia roupas femininas e acessórios de bijuteria para me dar. Acabei por ceder porque queria muito estar com ele", afirmou. Roy mudou-se de Manchester para Londres para viver com o noivo e os sogros, dizendo aos pais que iria para a capital trabalhar.
"À medida que o dia do casamento se aproximava ficava cada vez mais nervoso. A mãe dele foi comigo fazer as compras para o enlace mas nunca me perguntou o que eu queria. Escolheu tudo, até a data. No final pediu-me o dinheiro para pagar e eu acabei por vender o meu carro para lhe dar cerca de 9000 euros", continua.
No dia da cerimónia, os nervos eram tantos que o jovem quase desmaiou. Mentiu dizendo que era viúva e órfã, para tentar justificar a falta de convidados da sua parte. "Foi o pior dia da minha vida. Estavam lá 450 pessoas e apenas nove sabiam a verdade", conta.
No dia seguinte, a família do marido informou Roy de que este iria passar a ser chamado de Lucky dali em diante, e que teria de usar sempre saltos altos, maquilhagem e jóias. "A minha sogra começou a tratar-me por nora. Houve um dia em que desci as escadas de manhã sem estar disfarçado e ela disse que tinha de estar vestido de mulher em todos os momentos, sem exceção", continua.
A vida na casa do marido e dos sogros foi piorando à medida que o tempo passava. Roy acusa estes de o terem forçado a trabalhar 18 horas por dia a realizar tarefas domésticas e de atentarem contra a sua dignidade. "Cheguei a ser trancado dentro de um armário como castigo. Obrigavam-me a acordar às 06h00 para preparar o pequeno-almoço mas não podia comer. Ela dizia constamente que eu estava ‘gorda’ demais", reforçou ao jornal britânico.
O jovem comia apenas uma taça de cereais por dia, acabando por ficar bastante desnutrido. Procurava consolo junto do marido, mas este não acreditava quando Roy acausava a sogra de maus tratos. Tudo piorou quando os seus pais descobriram a verdade e o confrontaram. "Levaram tudo muito a mal e disseram para eu nunca mais os procurar".
Nove meses depois, Roy arranjou coragem e abandonou a casa do marido, mas ficou sozinho e sem teto. "Eu só queria rasgar as roupas e a peruca e voltar a vestir-me como um homem. Mas quando parei de usar roupas de mulher parecia que já não sabia quem eu era. Foi estranho", conta.
Quatro meses depois, o jovem tentou tirar a própria vida quando descobriu que o marido se ia casar com uma mulher. Foi encontrado por um homem a boiar num rio com o vestido de casamento. Nessa altura, Roy voltou para casa dos pais, que o perdoaram.
Hoje em dia, Roy trabalha como ‘drag queen’ e faz espectáculos onde se apresenta com uma identidade feminina: Lucky. "Eu precisava de compreender o que se tinha passado na minha vida. Esta foi a forma que eu encontrei de o fazer. No entanto, continuo a ter muitos traumas daquela época. Espero que ninguém mais no mundo passe por algo semelhante", termina.
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