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Lula da Silva: “O Brasil é governado por um bando de malucos”

Ex-presidente garante que “dorme de consciência tranquila” e promete “desmascarar” o ex-juiz Sérgio Moro.

28 de abril de 2019 às 15:28

Na primeira entrevista desde que foi preso por corrupção a sete de abril do ano passado, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva afirmou não se arrepender de se ter entregado à polícia em vez de fugir, diz que dorme de consciência tranquila e garante estar obcecado em "desmascarar" o ex-juiz Sérgio Moro, que o condenou.

Sobre o momento atual, diz que o Brasil "está a ser governado por um bando de malucos", referindo-se às sucessivas confusões e ao extremismo do governo de Jair Bolsonaro.

"A elite brasileira devia fazer uma autocrítica depois da eleição de Bolsonaro. Vamos fazer uma autocrítica geral neste país. O que não pode é o Brasil ser governado por um bando de malucos que este país não merece e, sobretudo, o povo não merece", afirmou Lula, acrescentando que, ou Bolsonaro constrói um partido forte que o apoie, ou "não se sustentará" muito tempo no cargo.

A cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão por ter recebido da construtora OAS um apartamento triplex como luvas, e condenado novamente em fevereiro a mais 12 anos e 11 meses por ter recebido da Odebrecht uma propriedade rural também como suborno, Lula, de 73 anos, diz não se preocupar com a possibilidade de ficar preso o resto da vida.

"Eu durmo todas as noites de consciência tranquila e tenho a certeza de que o procurador Deltan Dallagnol (chefe da Operação Lava Jato) e o ex-juiz Moro não dormem."

O ex-presidente garante ainda que vai dedicar o resto da vida a provar que é inocente e não se mostra impressionado com a possibilidade de poder cumprir o resto da pena em casa depois de a sua sentença inicial ter sido reduzida esta semana pelo Superior Tribunal de Justiça, uma vez que se trata de um benefício dado a culpados e ele deseja "sair da cadeia como inocente".

Pormenores

Dor pela morte do neto

Ao falar sobre o neto Arthur, falecido no mês passado, aos sete anos, na sequência de uma infeção, Lula chorou e garantiu que preferia mil vezes ter sido ele a morrer no lugar do menino, de quem era muito próximo, e cuja foto tem na mesinha ao lado da cama na sua cela.

Entrevista polémica

A entrevista, pedida em setembro passado pelos jornais ‘Folha de São Paulo’ e ‘El País’ (Espanha), em plena campanha para as presidenciais, foi na altura proibida pelo Supremo Tribunal, que esta semana voltou atrás e autorizou a sua realização.

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