Beira-Mar foi condenado a centenas de anos de prisão.
O lendário Fernandinho Beira-Mar, considerado o maior traficante de droga da história do Brasil, foi transferido secretamente da Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no interior do estado do Rio Grande do Norte, no nordeste do país, para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no estado do Paraná, no sul e igualmente de segurança máxima, a 3573 km de distância. A transferência de Beira-Mar, condenado a centenas de anos de prisão e principal líder da fação criminosa Comando Vermelho - criada décadas atrás no Rio de Janeiro, mas que hoje atua em todo o Brasil e até em outros países - foi feita sábado, mas só esta segunda-feira foi divulgada, e ocorre após a vexatória fuga de outros dois presos daquela que era considerada uma cadeia totalmente à prova de fugas.
A transferência de Fernandinho Beira-Mar, de seu nome verdadeiro Luiz Fernando da Costa, obrigou à montagem de uma megaoperação de segurança que contou com agentes especiais de várias forças federais de segurança, carros blindados, helicópteros e aviões. Mesmo preso há muitos anos, Beira-Mar continua a ser considerado um criminoso com um poder absurdo, dentro e fora do sistema prisional brasileiro, e o Comando Vermelho, que sempre foi uma das maiores organizações criminosas do Brasil, cresceu ainda mais nos últimos anos e está a disputar a liderança do crime organizado com o rival PCC, Primeiro Comando da Capital, de São Paulo.
Além do líder histórico do CV, outros 22 criminosos ligados à fação que também estavam presos em Mossoró foram igualmente levados para Catanduvas entre sábado, domingo e a madrugada desta segunda-feira. Fontes policiais e do Ministério da Justiça e Segurança Pública avançaram esta segunda-feira que as transferências foram uma ação de rotina, já programada há muito, mas, na verdade, o que se diz nos meios da segurança pública é que ela foi motivada pela recente fuga de dois presos daquela que era considerada uma penitenciária à prova de fugas e de onde os dois reclusos sairam com a maior facilidade.
A 14 de fevereiro, Deibson do Nascimento e Rogério Mendonça, também do Comando Vermelho, que estavam presos em celas individuais e, ao menos teoricamente, não tinham qualquer contacto entre si, escavaram as paredes das suas celas, arrancaram vigas de ferro, fizeram com elas um buraco no tecto aproveitando o exíguo espaço por onde passam os fios de energia para conseguirem passar, caminharam pelo telhado da enorme penitenciária, atravessaram pátios e muros e, finalmente, ganharam a liberdade depois de usarem alicates de obra para fazerem um buraco na cerca metálica que rodeia a cadeia. Tudo isto sem serem detetados pelos sistemas de alarme que deveriam avisar sobre a movimentação deles, sem serem apanhados pelas mais de 200 câmaras de videovigilância e muito menos pelos guardas que deveriam estar nas torres de vigilância.
A fuga dos dois só foi descoberta muitas horas depois, e até hoje eles ainda não foram recapturados, apesar da gigantesca caça que lhes tem sido movida por mais de 600 agentes locais, regionais e federais, apoiados por helicópteros, drones e cães-pisteiros.
Fernandinho Beira-Mar tinha sido transferido recentemente para Mossoró, e deveria ficar naquela prisão federal, onde há dois guardas para cada preso e onde as condições dos reclusos são, ou deveriam ser, rigorosíssimas, mas o governo federal parece não ter querido correr riscos após a fuga dos dois presos, muito menos importantes do que o líder máximo da organização. Principalmente porque as investigações, que até agora não indicaram a conivência de qualquer funcionário da prisão, revelaram, isso sim, gritantes falhas e incompetência, como a ausência de vários guardas dos seus postos, talvez por ser quarta-feira de cinzas e ainda se viver em ritmo de Carnaval, a presença de inúmeras ferramentas espalhadas por toda a penitenciária devido a obras de reforma em curso, a péssima qualidade das câmaras de videovigilância, que, na verdade, não permitem identificar ninguém e somente mostram vultos, e, coroando a série de desleixos, o não funcionamento das potentes torres de iluminação, apagadas porque muitas lâmpadas estavam fundidas e ninguém se preocupou em trocá-las.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.